sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Praxe à comissão

Parece que a praxe afinal não é "tradição", é uma forma de lucro. Apareceu hoje a notícia, no Jornal de Notícias, de que existe exploração de alunos do 1º ano, pelo Conselho Viriato, no Instituto Politécnico de Viseu. Essa exploração consiste em obrigar os novos estudantes a beber bebidas alcoólicas em alguns e determinados bares da cidade, ficando os praxistas com parte do rendimento.

Foto: Artur Machado

Exploração de caloiros sob suspeita no Politécnico
Jornalista: Teresa Santos / Jornal de Notícias

Associação Académica reúne de urgência e promete tomar posição

A Associação Académica do Instituto Superior Politécnico de Viseu anuncia, hoje, sexta-feira, a sua posição sobre a alegada exploração de caloiros em bares nocturnos da cidade. Um negócio que dizem lucrativo para quem os lá leva.

A suspeita de que há elementos do Conselho Viriato, responsável pela praxe no ISPV, a "lucrar somas exorbitantes" com os alunos recém chegados à instituição de ensino superior, obrigando-os a consumos excessivos de álcool em estabelecimentos que pagam comissões, está a preocupar os responsáveis académicos. Que querem "tirar a limpo" uma situação que, dizem, "afecta a boa imagem" das escolas agregadas e dos seus alunos.

O presidente do ISPV, Fernando Sebastião, anuncia que vai reunir com os representantes dos estudantes para apurar a verdade das denúncias. Com a promessa de que o problema irá ser monitorizado. O dirigente admite que, a ser verdade, a situação é "inadmissível" e pode ter consequências graves para os responsáveis pela utilização de jovens em eventuais negócios.

A denúncia feita aos órgãos de comunicação social por um alegado "grupo de alunos" do ISPV, foi também analisada, durante a noite de ontem, pela Associação Académica (AA). "É uma reunião convocada com carácter de urgência para analisar todos os factos denunciados. As conclusões a que chegarmos, serão reveladas durante o dia de amanhã", disse ontem, ao JN, Rafael Guimarães, presidente da AA do Politécnico.

"Beber até não poder mais"

No centro das suspeitas está o designado Conselho Viriato. Um órgão criado no ano lectivo 1977/78 que é actualmente presidido por Ana Pinto, uma aluna da instituição de ensino superior que trabalha também num bar localizado na zona de Jugueiros. A este órgão compete a organização de todas as iniciativas relacionadas com a praxe, que vão muito para além da recepção aos caloiros no início de cada ano lectivo.

Os membros do Conselho Viriato, chamados "sertórios", são acusados de "manipular" os estudantes "obrigando-os a circular de bar em bar, bebendo até não poderem mais, sendo no final encaminhados para uma discoteca ou bar dançante, onde tiram os seus dividendos a título particular".

Guerra entre bares nocturnos

Ana Pinto declarou à Rádio Noar que tudo não passa de uma "difamação" originada pela "guerra entre bares nocturnos". A responsável reconheceu, todavia, que as "tertúlias académicas" privilegiam os estabelecimentos que patrocinam as actividades dos estudantes. O JN falou com um grupo de caloiros que negou praxes "abusivas". "Ninguém obriga ninguém a beber em excesso", garantiu o chefe Tiago Santos.

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Mais notícias:

- Diário de Notícias: Suspeitas de negócios com os caloiros nos bares de Viseu

15 comentários:

Luis008 disse...

Eu como aluno do IPV tenho que deixar aqui a mensagem de que isto não passa de uma calunia. Sou caloiro e a mim ninguem me obriga a ir consumir para qualquer bar, as praxes estão a ser impecaveis, o que se passa são meras guerras entre bares noturnos...

Acho impressionante estas noticias sairem em primeira pagina de jornais, sendo apenas uma carta anonima.

Anónimo disse...

Eu duvido que OBRIGUEM alunos a beber, porque não o vão conseguir fazer, a menos que debaixo de coacção e ainda assim...

É durante esta altura que há mais bebedeiras, etc...

Não descuro é a possibilidade de que hajam bares a pagarem para que os veteranos levem os caloiros para conviver em bar X ou Y. E que sejam pagos para isso.

Unknown disse...

Luis008, a conversa do "aqui é muito bom, é tudo impecável, noutros sítios é que é mau" acontece em todos os sítios. Claro que a denúncia é anónima, o medo existe.

Bastian, eu não duvido que exista essa obrigação. Os "veteranos" decidem quando os "caloiros" podem beber e fumar - há alturas em que não podem enquanto os "veteranos" podem, como há alturas em que têm de compensar. Além do mais, raros não são os casos em que "caloiro, vai-me buscar uma cerveja" implica o estudante do 1º ano a pagar uma cerveja ao veterano.

Claro que toda a gente pode dizer "não". Mas a coação é um dos pilares da praxe.

Sir Giga disse...

Tanta gente enganada a tentar enganar outros tantos...

Caríssimo, no dia em que vir alguém a obrigar seja que caloiro for a pagar-lhe seja o que for, não o praxo (ao desvirtuar a Praxe, não merece que aja em conformidade com esta), parto-lhe os dentes. Nunca aconteceu, à minha frente. Aliás, caloiro bêbado não deve nem pode ser "praxado". Antes encaminhado para casa, não descansando o veterano até ter a certeza disso mesmo. Ou será violação dos direitos humanos não permitir que alguém beba até cair só para impressionar (quem, eu pergunto?)?

luis008 disse...

Youri Paiva, respeito a sua opinião, mas pagar cervejas a veteranos? ou que acontece em todos os sitios isso não é bem assim. Aqui em viseu estamos a ser muito bem tratados, nunca paguei nada a ninguem por obrigação, os proprios veteranos é que nos pagam a nós quando estamos em convivio.

Aqui em viseu, quando o caloiro está bebado, existe uma regra, o proprio superior chama por assim dizer o Deus Baco, ou seja o caloiro não é praxado e com o devido respeito e preocupação do veterano, levam-no a casa.

Acho impressionante tanta gente dar a sua opinião sem antes ter vivido o espirito viseense. Em viseu vive-se a praxe, mas da melhor maneira possivel, com respeito, humor, mas com muita maturidade.

Abraços

Unknown disse...

Em todo o lado o argumento é o mesmo: aqui a praxe é a sério, não há nada disso, é todo como deve de ser. Recomendo que vão ler o meu post sobre a UALg (http://blogdomata.blogspot.com/2009/09/analise-ao-codigo-de-praxes-da-ualg.html). Lá a Reitoria limitou bastante a praxe, e a resposta dos praxistas é a de que na Universidade do Algarve não existem quaisquer abusos.Apresento várias provas de que isso é completamente falso.

Esse vosso argumento é vazio.

Sir Giga disse...

Gostaria de saber como um testemunho baseado na experiência pessoal dos caloiros é, em termos argumentativos, vazio, ao passo que a opinião por natureza anti-praxistica (e, até compreensivelmente, enviesada) de alguém que não esteve lá nem procurou confirmar as fontes do que aqui reproduz já é fidedigno.

Debatamos, sim, mas com um mínimo de honestidade intelectual.

serraleixo disse...

Sir Giga, por favor descreve-me a tua semana de praxe. A que sofreste e a que fizeste sofrer. O que aconteceu lá. Tim tim por tim tim.
Chegaste a que horas, saieste a que horas e o que aconteceu em cada momento durante a praxe. Descreve-me todos os pormenores. Como cálculo que gostaste muito ainda te deves lembrar. O que te mandaram fazer e o que é que mandaste fazer? O que é que fizeste por iniciativa própria durante a primeira semana da praxe?
O que fizeram os teus caloiros por iniciativa própria?
Qual era o programa da praxe, todas as suas actividade e quais os seus objectivos específicos (o geral calculo que me digas que seja a integração)?
Não consideras possível que miúdos de 17/18 anos, ainda a formar a sua personalidade (e hoje em dia cada vez mais tarde as personalidades individuais se formam...!), façam coisas que á partida se calhar até não queriam fazer mas fazem-no por medo de se sentirem diferentes? (e acontece em pessoas de todas as idades, basta ser confrontado com um ambiente diferente)
E então debatamos a partir daí.

luis008 disse...

youri paiva o senhor foi praxado? ja passou por isso? não vejo como pode dizer que viseu tem ou não uma boa praxe sem antes aqui estar ou ter alguem da sua confiança que lhe diga que aqui é mau.

Abraços

Pedro disse...

O facto de ninguém se manifestar não significa que todos gostem, e que alguns não se submetam à coacção implícita presente em todas as praxes.

Pedro disse...

Aproveito para dizer que não acredito que não hajam caloiros que até achem piada à praxe. Decerto que o sentimento de não gostar da praxe não é absoluto, mas falo por mim e por outras pessoas que conheço quando digo que há quem se submeta com medo da exclusão, especialmente porque os novos ambientes e o salto do secundário para a universidade pode ser muito intimidante nalguns casos...

Portanto, conforme disseste: não ouvimos ninguém de Viseu que não gostasse da praxe, mas também não tens como dizer que todos gostem ou não se submetam pelos motivos que já apontei.

Unknown disse...

luis008: respondendo à tua pergunta, sim, fui praxado.

Viseu não tem boa nem má praxe. Tem praxe. E a praxe é igual em todo o lado. Estudei em duas faculdades, trabalho noutra e andei por várias outras a observar a praxe... é IGUAL.

J.Pierre Silva disse...

Permitam-me uma colherada:

Antes de mais, o texto colocado neste blogue contém um erro: o Conselho de Viriato não nasceu em 1977-78, mas em 97-98.
Embora não tendo estudado no ISPV, conheço a história da Praxe em Viseu e lamento que tal erro tenha passado despercebido aos praxistas viseenses que aqui posrtaram.

Depois, dizer que praxe que promova a embriaguez de caloiros não é praxe. Um descuido é normal, mas cabe aos veteranos ensinar, desde cedo, a diferença entre beber com responsabilidade e beber para fazer figuras tristes.
No meu tempo não se permitia tal, e muito menos obrigar caloiros a pagar; e estamos a falar da mesmíssima academia.

Não acredito em coação na ingestão de alcool, embora admita qu eum ou outro acéfalo se aproveite para abusar dos bolsos alheios, bebendo á pála dos novatos (mas seguro que isso é pontual e excepção à regra).

E não se venha com a questão do "medo" para justificar a falta de denúncias.

O tempo dos caloiros ignorantes vindos da província, submissos e tapadinhos já lá vai há muito.

Corneta - IPV - .ESTGV disse...

Esses meninos que estão a falar mal da praxe do IPV sem conhecer a cidade sequer, muito menos os Costumes/tradições eu convido a visitar Viseu, para ver o nosso ambiente Académico, incluindo a "praxe" ...... Convido porquê?! Porque jamais pessoas como estas aceitariam um convite deste tipo!!



Em todo o lado existe pessoas que a sua componente social é muito fraca (ou inexistente), e leva essas pessoas a tomarem actos de frustração e indignação por exclusão de um determinado grupo (neste caso da vida académica).

Em relação a essas pessoas eu tenho um sentimento que para mim é o mais lamentável : "PENA" !!!!


Cumprimentos e Saudações Académicas a todos os Estudantes Universitários!

Ass : Corneta (IPV-ESTGV)

Unknown disse...

Convidas as pessoas para elas não aceitarem os convites? Desculpa, isso não faz sentido.

Do resto não se percebeu bem que tipo de insultos estavas a insinuar, mas é me indiferente.

De qualquer maneira, apenas comentámos as notícias que apareceram na imprensa... e convém admitir que não abonam nada a vosso favor.