sexta-feira, 31 de outubro de 2008

a investigação é só para confirmar que o rapaz não foi para o hospital por causa das praxes...

...mas porque será que as praxes deixam sempre dúvidas? não é isso suficiente para se perceber que as praxes e as vontades de quem praxa são arbitrárias e que, por isso, TUDO pode acontecer? e o facto de TUDO poder acontecer não é suficiente para se achar que não devem existir praxes?

(de Jornal de Notícias)

Aluno sofre uma ruptura de aneurisma após praxe


Um aluno da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria sofreu a ruptura de um aneurisma cerebral, depois de uma praxe académica. A escola pondera a abertura de um processo de averiguação. Apesar dos receios da família, não está provada relação directa entre o incidente e o ritual.

Luís (nome fictício) tem 18 anos e é aluno do primeiro ano do curso de Engenharia Electrónica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico de Leiria. Na passado dia 22, o jovem participou nas actividades de recepção ao caloiro - um desfile pelas ruas e o "baptismo", num jardim da cidade. Começou a queixar-se de fortes dores na cabeça e vómitos, acabando por ser transportado ao Hospital de Santo André, naquela cidade.

Fonte daquela unidade explicou que o aluno deu ali entrada, cerca das 21 horas, "com referência, pela pessoa que o acompanhava, de consumo elevado de bebidas alcoólicas". Permaneceu internado até à manhã do dia seguinte. Segundo o hospital não apresentava qualquer queixa nessa altura.

Mas a mãe do jovem contou ao JN que "as dores não passaram e foram-se intensificando".

Por isso, no sábado, voltou ao hospital. Foi-lhe diagnosticada, então, uma hemorragia intracraniana resultante da ruptura de um aneurisma cerebral (ver caixa), tendo sido transportado ao serviço de neurocirurgia do Centro Hospitalar de Coimbra, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica, na última terça-feira, que se prolongou por mais de sete horas. Permanece internado.

A mãe explica que, até sábado, ninguém sabia que o jovem tinha um aneurisma. E mostra-se convencida de que as actividades realizadas durante a praxe académica "poderão ter contribuído" para a ruptura.

"É certo que a ruptura de um aneurisma pode acontecer em qualquer circunstância, mas o que os alunos são sujeitos nas praxes - os pinotes, os banhos de água fria - podem provocar danos a quem tenha problemas de saúde, mesmo que não saiba". Por isso, adverte os outros pais para que, sempre que possível, "evitem que os filhos andem nestas coisas".

Carlos Neves, responsável da ESTG, afirmou ao JN que a escola está a ponderar abrir um processo de averiguação para apurar o que se passou naquela praxe. Ontem, o responsável ouviu os familiares do aluno, a Comissão de Praxes da escola e outros jovens que participaram nas actividades.

"Por aquilo que nos foi dito até agora, não se terá passado nada de anormal, mas estamos a averiguar se haverá uma relação directa entre a praxe e o acidente", afirmou.

Carlos Neves sublinhou que, apesar dessas actividades serem externas à escola, os responsáveis da ESTG procuram "controlar e observar", de forma a evitar eventuais excessos.

Rita Genésio, da Comissão de Praxes, contou que na véspera da praxe (terça-feira à noite), Luís terá assistido a dois concertos, integrados no programa de recepção ao caloiro. "Não terá dormido nessa noite e, quando iniciou as actividades, devia estar muito cansado", afirmou, assegurando que no dia de praxe "não houve excessos".

(mais notícias deste caso aqui, aqui e aqui e ainda aqui)

Manifestem-se, que faz bem à saúde! #3

(de O Mirante online)

Estudantes protestam contra proibição de praxes na Agrária

O presidente da Escola Agrária diz que os estudantes não cumpriram o que estava acordado. Na Escola de Enfermagem também não houve praxes, por decisão dos estudantes.

A direcção da Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) proibiu as praxes aos caloiros neste ano lectivo, o que motivou um ruidoso protesto de alunos daquela e de outras escolas durante a sessão solene de abertura do ano lectivo do Instituto Politécnico de Santarém. Uma cerimónia que decorreu no dia 24 de Outubro no auditório da ESAS ao mesmo tempo em que cá fora algumas dezenas de alunos entoavam canções e passavam de mão em mão bolas feitas de bosta.

Alguns “exageros” terão estado na origem da decisão, mas o presidente da direcção da escola preferiu não entrar em pormenores. Jorge Justino apenas confirmou ao nosso jornal que as praxes foram efectivamente canceladas. O responsável diz que os estudantes não cumpriram o acordo estabelecido previamente com a direcção da ESAS sobre o desenvolvimento dessas actividades. Uma linha de orientação que havia sido aprovada após reuniões entre as duas partes e onde terão sido estabelecidos alguns limites para evitar situações desagradáveis como a que redundou na condenação de alguns alunos em tribunal após queixa apresentada por uma caloira.

Ana Paula Graça, presidente da Associação de Estudantes da Escola Agrária, também não quis especificar que exageros estiveram na origem da decisão e garantiu que os estudantes vão continuar unidos nos protestos em prol das praxes. Nesse dia, à falta de caloiros, alguns alunos veteranos da ESAS simularam praxes entre eles, onde não faltaram as bolas feitas de bostas de vaca que circularam de mão em mão. Os alunos da Agrária não vão participar no desfile do caloiro, que agrega todas as escolas do IPS, em sinal de protesto pela suspensão das praxes.

Na Escola Superior de Enfermagem de Santarém também não houve praxes este ano, por decisão da associação de estudantes e da comissão de praxes. O presidente da escola, José Amendoeira, garantiu ao nosso jornal que essa foi uma decisão dos estudantes e que não houve qualquer proibição ou imposição por parte da direcção da escola, para além dos limites que devem existir nas actividades de integração dos novos alunos.

No entanto, na sessão de abertura do ano lectivo do Politécnico de Santarém, o presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Enfermagem, João Diogo Gonçalves, falando em nome de todos os alunos do IPS, tinha deixado o apelo às direcções das escolas para serem sensíveis às reivindicações dos alunos em nome das tradições académicas.

“Deixo o apelo a todos os órgãos directivos das diferentes escolas e do próprio Instituto Politécnico para que sejam sensíveis na forma como lidam com esta questão, pois acredito que todos querem chegar a um entendimento. E aos estudantes apelo que sejam responsáveis na forma como manifestam os vossos pontos de vista mas nunca desistam de defender aquilo em que acreditam. Não se deixem levar pelo conformismo e lutem por estas tradições que unem os estudantes[não é contradição? a praxe é conformista e conservadora...!], disse João Gonçalves, que foi muito aplaudido por dezenas de estudantes do IPS que entraram no auditório quando começou a falar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Família de Diogo Macedo quer reabrir o processo

Família de estudante morto depois de praxado quer reabrir processo-crime
Público (n.º 6784, 27.10.2008, pág. 8) - Natália Faria

Mãe de Diogo Macedo espera que, no decurso da acção cível, surjam novos elementos que permitam apurar responsabilidades na morte do estudante de 22 anos, em Outubro de 2001

Foi marcada para 14 de Novembro a próxima sessão do julgamento da acção cível interposta por Fátima Macedo, mãe de um jovem que morreu em Outubro de 2001, alegadamente na sequência de uma praxe a que foi sujeito na Universidade Lusíada, em Famalicão.
Fátima Macedo reclama uma indemnização de 210 mil euros à Minerva - fundação que detém a Lusíada. No entanto, segundo adiantou ao PÚBLICO a advogada Sónia Carneiro, o que a família espera é que no decurso desta acção surjam novos elementos que permitam reabrir o processo-crime que o Ministério Público (MP) arquivou, em Janeiro de 2004, por incapacidade de determinar quem foram os responsáveis pelas agressões que acabaram por provocar a morte de Diogo Macedo.
"Houve uma investigação criminal, que durou três anos, mas que se mostrou inconclusiva porque o Ministério Público conseguiu determinar que o Diogo foi vítima de agressões mas não conseguiu apurar a autoria dessas agressões", recorda Sónia Carneiro, dizendo-se convencida de que "a investigação ficou aquém do que poderia ter ido".

Muro de silêncio
Porque não têm "capacidade investigatória para apurar novos elementos", os advogados da família decidiram, em Janeiro de 2007, avançar com a acção cível agora em julgamento, esperando que, sete anos volvidos, "as testemunhas consigam 'lembrar-se' do que aconteceu durante a praxe".
O muro de silêncio que se criou entre os elementos da tuna da Lusíada, a Académica, onde Diogo Macedo, então com 22 anos, tocava pandeireta, terá sido um dos entraves ao processo. Na sessão da passada quinta-feira, o próprio juiz largou um desabafo acerca da "impossibilidade de quebrar o muro de silêncio" em torno daquela morte. De facto, as três testemunhas ouvidas continuam a afirmar-se incapazes de descrever o que se passou na noite em que Diogo foi praxado. "Há uma espécie de amnésia...", lamenta Carneiro.

Caloiro na tuna
Factos: Diogo andava no 4.º ano do curso de Arquitectura, mas nunca passara de caloiro na tuna, sendo por isso frequente vítima das praxes perpetradas pelos colegas.
Na noite de 7 de Outubro de 2004, uma segunda-feira, preparava-se para jantar em casa quando recebeu um telefonema que o levou a ir ao local onde a tuna estava a ensaiar.
Por volta das 23h30, os pais receberam um telefonema a avisar que o Diogo tinha sido transportado para o hospital de Famalicão. Dali seguiu para o Hospital de São João, no Porto, onde entraria em coma profundo.
A máquina que o ligava à vida acabaria por ser desligada a 15 de Outubro. Na sessão de quinta-feira, a médica legista que elaborou o relatório da autópsia confirmou que "as lesões infligidas ao Diogo contraíram--lhe o cerebelo, lesão que o levaria a desfalecer e, mais tarde, a entrar em coma", segundo relatou ao PÚBLICO Sónia Carneiro. Já as testemunhas, elementos da tuna Académica à data dos acontecimentos, confirmaram apenas que Diogo foi praxado - mais exactamente obrigado a fazer flexões e agredido com uma revista no pescoço - tendo sido encontrado mais tarde inconsciente na casa de banho.

Houve suspeitos, mas nenhuma prova
Andreia Sanches

O relatório da autópsia do cadáver de Diogo Macedo desfia um rol de lesões: um hematoma extenso no cerebelo; fractura da primeira vértebra cervical; duas escoriações no lábio; uma escoriação na orelha direita; múltiplas equimoses no tórax; múltiplas equimoses na região lombar; uma equimose no testículo...
Houve um inquérito, ouviram-se testemunhas (estavam 19 pessoas no edifício onde o jovem perdeu os sentidos antes de ser transportado para o hospital), a polícia tinha suspeitos. Aliás, um colega de Diogo chegou a ser constituído arguido. Mas, em 2004, o Ministério Público (MP) concluiu que era impossível "imputar à acção de qualquer pessoa concreta" a produção das "lesões traumáticas crânio-encefálicas e cervicais" que determinaram a morte do jovem de 22 anos.
Diogo nunca passara de caloiro na tuna - era "tuninho" na gíria. A 8 de Outubro de 2001 participou num ensaio, perdeu os sentidos, foi transportado para o hospital e acabou por morrer no dia 15. Ao longo desses dias esteve em coma.
No dia do funeral, a 16 de Outubro, a cerimónia foi interrompida por um oficial de justiça. Um médico do Hospital de São João lançara a suspeita de que Diogo teria morrido na sequência de uma praxe violenta. A autópsia então feita revelou as lesões fatais. O médico, esse, suicidou-se pouco depois. "Fica assim por explicar os motivos que o levaram a veicular tal suspeita", lê-se no despacho de arquivamento do MP.
A universidade falou com os alunos, mas não instalou qualquer procedimento formal para averiguar os factos, uma vez que a Polícia Judiciária já estava a investigar. A tuna negou qualquer acto de violência. E, a 18 de Fevereiro de 2004, uma equipa da Inspecção-Geral do Ensino Superior foi à Lusíada para ver se o assunto "estava apaziguado". Concluiria que mesmo que Diogo tivesse sido agredido, não era possível apurar se tal teria acontecido nas instalações da universidade.
Já o Ministério Público acredita que o que quer que tenha determinado a produção das lesões que mataram Diogo "terá ocorrido com elevado grau de probabilidade" nas instalações da Lusíada entre as 22h15 e as 22h30 de 8 de Outubro de 2001.


domingo, 26 de outubro de 2008

Já cheira mal, esta conversa, mas...

...aqui ficam mais dois posts sobre a "merda" de Évora. É que, realmente, não somos só nós a achar que as praxes são coisas... hummm... estranhas e cheias de contradições.


Do Arrastão, por Pedro Sales:

A cóltura da bosta
O presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Évora não compreende o inquérito instaurado pelo reitor às praxes realizadas num dos pólos da Universidade, avisando que elas vão continuar. Afinal, trata-se de um “hábito antigo” que “é uma manifestação cultural que deve ser respeitada”. Mais a mais, como se percebe, os abusos “não têm lugar no nosso conceito de praxe”. Na Universidade de Évora os alunos do primeiro ano podem ter que rastejar nos excrementos dos animais, mas fazem-no com todas as condições de higiene e controlo de qualidade. Podem ser fezes, mas não é uma merda qualquer. Aqui não há abusos, como se sabe. Cultura que é cultura, só com excremento de asno de primeira qualidade. O presidente da associação de estudantes sabe do que fala.

Do Antropocoiso, por Paulo Granjo:
A malta curte é merda
Li a coisa há um par de dias num daqueles jornais gratuitos mas, como não a encontrei online em lado nenhum, pensei que vocês não iam acreditar se eu me limitasse a contar.
O Arrastão forneceu agora um link para uma notícia do DN, pelo que já não passo por mentiroso. É assim:

O presidente da associação de estudantes da Universidade de Évora (a bela terra onde nasci, helàs) ficou muito agastado por, no seguimento de queixas de alunos, o reitor ter proibido umas praxes na escola de regentes agrícolas que deus tenha, cujo ponto alto era fazer os caloiros rastejarem na bosta dos animais, pontualmente apimentada pela de algum praxista que estivesse mais aflito.

Diz o chavalo que a malta gosta tanto da coisa que até há gente do 2º ano que pede pelas alminhas que os deixem também chafurdar no esterco.
Para além do mais, acrescenta, «é uma manifestação cultural que deve ser respeitada».

Eu até sei que aquela antiga escola, agora pólo da Universidade, tinha a tradição de acolher como alunos os filhos mais ineptos dos latifundiários do tempo da outra senhora - o que arrastava consigo um ethos, uma elevação intelectual e um refinamento de gostos como aqueles que costumamos encontrar, nos filmes, entre os membros mais volumosos das equipas universitárias de football americano.

Supunha que a origem social e o nível mental dos alunos se tinham alterado com o tempo, mas não imaginava que tanto tinha sido preservado do ethos original. Tirando as ovelhas negras que se queixaram à reitoria, parece que ainda hoje, ali, a malta gosta é de merda.
Apesar disso - acreditem num antropólogo, mesmo sem que ele cite uma lista infindável de exemplos escabrosos em defesa da sua afirmação - o facto de uma coisa ser uma «manifestação cultural» não quer dizer que deva «ser respeitada».

E, se esta descoberta for muito chocante, eh pá... Encham a banheira de bosta e vão curtir e relaxar um bocado.

sábado, 25 de outubro de 2008

opiniões vindas directamente de Évora

(via "Mais Évora")

As palavras da Vera

(...)
O problema no meio disto tudo não são as praxes, são as pessoas.
(...)

e as do "manoelinho"
Na verdade não é como dantes, porque está muito pior: agora o caloiro aprende as virtudes da prepotência e da estupidez, para vencer na vida. Aprende a obedecer aos chefes, por mais burros que sejam. É a lei do mais forte e do mais estúpido. Se não é fascismo, o que será?
(...)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

e ainda sobre o caso de merda... ops... o caso de Évora...

Este post do blog Mais Évora, uma Nota sobre praxes em Évora, fala da "Efervescência de cortejos" e de "O que pensam os polícias".

E no 5 Dias, o Luís Rainha escreve:

Praxes merdosas

Eles fazem bicha, de sorriso alarve no rosto, à espera de serem lambuzados com merda. Depois, correm para o início da bicha à espera de mais. Quando a bosta se esgota, ainda uma esperança resta: para o ano podem ser praxados de novo. As praxes da Universidade de Évora são assim. Segundo um cromo da associação de estudantes local, trata-se de «uma manifestação cultural que deve ser respeitada». Assim a modos que como os touros de Barrancos, mas sem touros, só com as bostas. Para o chefe dos supostos coprófilos, «uma praxe bem feita respeita as pessoas, integra, é esse o objectivo». Bem; se calhar o curso em questão tem como objectivo formar assessores políticos. Assim, vão-se logo habituando às agruras da profissão.



A "solidariedade" é obrigatória e tem hora marcada...

... e dá sempre jeito para esconder as outras coisas mais duvidosas e fazer parecer que as praxes não são assim tão más e, por conseguinte, que é bom obrigar (ou coagir) pessoas para fazer coisas supostamente "boazinhas"...

Uma notícia que saiu no diário de trás-os-montes diz que a Associação de Estudantes da Escola Superior Agrária de Bragança vai fazer recolha de bens para entregar a instituições de solidariedade social. (vejam este post)

Outra notícia, da Rádio Brigantia, diz que a Associação Académica do Instituto Politécnico de Bragança organizou uma corrida de solidariedade, com direito a Rosa Mota, onde participaram cerca de 1000 estudantes. (e mais este post)


Bruno Miranda, o presidente da Associação Académica do IPB, explica o objectivo que o objectivo desta corrida passa por "acariciar e dar mais apoio às instituições de Bragança".

Já os donativos recolhidos vão ser entregues a instituições como o Patronato, a Igreja dos Santos Mártires, APADI, obra do Padre Miguel, entre outros.


Os caloiros que ontem correram nesta praxe salientaram a vertente solidária da iniciativa. "Somos boas pessoas e queremos, acima de tudo, ajudar", diziam. "Trouxemos roupa e leite", exemplificavam alguns alunos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Muito gosta essa gente de merda...

Évora: Alunos apresentaram queixa depois de rastejarem no esterco Correio da Manhã, 22 Out. 2008

O reitor da Universidade de Évora, Jorge Araújo, proibiu as praxes nos espaços da instituição e instaurou um processo de inquérito para serem accionados mecanismos disciplinares contra os autores dos actos violentos praticados sobre os novos alunos ocorridos anteontem no espaço agro-pecuário do Colégio da Mitra. Segundo apurou o CM, os veteranos terão desobedecido às ordens da reitoria ao obrigarem caloiros dos cursos agrícolas a rastejarem em excrementos de animais.

"Os alunos sentiram-se humilhados e alguns apresentaram queixa. Houve também queixas dos funcionários", referiu uma fonte da instituição.

Num despacho enviado ontem pela Reitoria, Jorge Araújo refere que num comunicado de 22 de Setembro já tinha sido apelado ao bom senso dos estudantes para que as tradicionais praxes excluíssem qualquer acto de violência física e psicológica.

"Infelizmente o apelo não foi respeitado e hoje [anteontem] verificaram-se actos de violentação das mais elementares regras de decoro e da higienepotencialmente causadoras de prejuízo grave para a saúde", acrescenta o reitor.

Contactado pelo Correio da Manhã, o presidente da Associação Académica da Universidade de Évora, António Gualdino, não quis comentar o caso, por desconhecer o seu teor.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pode haver liberdade para humilhar?
Jornal Público (20.10.2008) - Rui Moreira (Economista)

Apeteceu-me interromper a cerimónia, chamar-lhes pinguins viúvos e urubus e incentivar os caloiros a vingarem-se...

Há dias, à porta do Instituto Português de Oncologia, deparei com uma grande algazarra, que desrespeitava a proximidade do hospital. Tratava-se de uma daquelas miseráveis cerimónias iniciáticas a que se convencionou chamar de praxe. No caso, um grupo de jovens, envergando t-shirts com dizeres aberrantes, autoflagelava-se dando saltos idiotas e gritando palavras de ordem humilhantes, amestrados por um grupo de "gauleiterzinhas" com ar pedante. Ao vê-las, desengraçadas, disformes e desfeadas pelo negro das capas e pelas meias de vidro, lembrei-me de Jô Soares, apeteceu-me interromper a cerimónia, chamar-lhes pinguins viúvos e urubus de galocha e incentivar os caloiros a vingarem-se...

Esta irritação parecerá excessiva mas percebi, pelo que ouvi à minha volta, que não era o único a quem aquele espectáculo degradante incomodava. Aliás, incomoda também o ministro, que recentemente fez comentários oportunos e severos sobre o tema, advertindo que não toleraria mais excessos. Infelizmente, disse-o em vão, porque a hierarquia das instituições de ensino superior é cúmplice das associações de estudantes e incapaz de pôr cobro a esta prática. Veja-se o caso do infame Instituto Piaget, em que os abusos e excessos das praxes foram conhecidos através da denúncia de uma ex-aluna, onde a direcção começou por aprovar uma directriz que proibia as praxes durante a recepção aos caloiros mas logo a seguir recuou, submetendo-se a uma auto-intitulada Comissão de Tradições Académicas que, imagine-se, ameaçara com uma manifestação...

Detesto falsas tradições. Não gosto sequer das tunas, porque, com raras excepções, não têm piada nos seus exibicionismos e nas suas zarzuelas néscias que nos impingem em cerimónias públicas e eventos sociais. No caso da capa e batina, não se trata apenas de uma questão de estética, porque qualquer pessoa tem o direito de se mascarar como entende: o que me aflige e assusta é que muitos dos que as envergam não percebam, sequer, as origens obscurantistas do traje e que este constitua hoje um uniforme obrigatório em práticas violentas e humilhantes.
As praxes são, por tudo isto, uma prática a banir. Não proponho, naturalmente, que sejam proibidas, porque o país já não aguenta proibições que depois não são acatadas e porque isso só contribuiria para as incentivar na clandestinidade. Mas é indispensável que os caloiros saibam que elas não são obrigatórias e que sejam apoiados no sentido de se sentirem protegidos e de poderem denunciar, se for o caso, quem cometer algum abuso.

A integração dos recém-chegados à universidade não é compatível com a humilhação e a violência, nem se pode perpetuar o princípio da hierarquização da barbárie por antiguidade. Recordo-me da forma como fui recebido, em Inglaterra, quando lá cheguei para estudar. Lembro-me do apoio da Student's Union, dos Serviços Sociais da Universidade e dos tutores. Gostava que em Portugal, onde imitamos tanta coisa má que nos chega do estrangeiro, também conseguíssemos, de quando em vez, replicar o que é bom. Principalmente, tudo aquilo que tem a ver com as liberdades.

http://jornal.publico.clix.pt/

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Errata do último post: Quem é que disse que não era permitidas praxes dentro do Piaget de Viseu? Quem disse, enganou-se (não é, sr. director?)

Piaget acedeu a pedido dos alunos e permitiu praxes (IOL Diário)

(...)
Inconformados, cerca de 30 alunos envergando o traje académico e alguns caloiros concentraram-se esta manhã junto aos portões do instituto, no Alto do Gaio, aproveitando a abertura do ano lectivo, mas a manifestação acabou pouco depois, na sequência de uma reunião com a direcção.
«Apresentámos o plano de actividades do ano passado e deste ano e como nunca houve queixas aqui dissemos que queríamos poder usufruir do espaço. Responderam que confiam em nós e que podemos continuar», contou aos jornalistas a presidente da Comissão de Tradições Académicas, Marisa Andrade.
(...)

Lição nº 1 para as/os estudantes:
Afinal parece que as manifestações não são assim tão demodée e que até dão algum resultado.

Lição nº 1 para as/os directores das escolas de ensino superior:
Afinal parece que as meninas e os meninos "da praxe" fazem de vocês o que querem... Basta juntarem-se umas poucas dezenas de pessoas à porta da escola que vocês, directores, lhes vão logo comer as papinhas na mão. Será que elas e eles têm mel? (Ou será o fel dos interesses escondidos?)

Manifestem-se, que faz bem à saúde! #2

Alunos do Piaget contra fim de praxe (Jornal de Notícias)

A Direcção do Instituto Piaget avisou os alunos, por telefone, na sexta-feira, de que este ano não serão permitidas praxes dentro dos muros da escola.

Estudantes denunciam "machadada" na tradição e ameaçam protestar.

O primeiro sinal de "indignação" será dado esta manhã, no campus do Alto do Gaio, em Viseu. Às 10 horas, na abertura solene do ano lectivo, "doutores" e caloiros prometem manifestar-se à porta da instituição.

"Não arredaremos pé enquanto a direcção não vier à rua explicar as suas razões para o fim anunciado dos rituais de praxe", avisa Marisa Andrade, presidente da Comissão de Tradições Académicas (CTA).

(...)

Um dos actos de praxe previstos, "de grande utilidade para quem chega", é a visita às instalações proporcionada aos caloiros pelos colegas "doutores".

(...)

P.S. Só para assinalar que, pelos vistos, as pessoas da "comissão de praxes" (que aqui tem outro nome... se calhar é uma coisa diferente...) não sabem mesmo que é possível fazer uma visita à escola sem praxes à mistura. É capaz de ter que se pensar muito para descobrir como é isso possível. Olhem, vai uma sugestão: e se a manifestação contra a proibição das praxes fosse pela escola e não à porta ("sem arredar pé")? Uma manifestação não é (ou melhor, não tem que ser como) as praxes.

domingo, 12 de outubro de 2008

Um relato...

via Filosofia de Curral

(...)
Vou-vos descrever agora aquilo que eu já vi nas praxes: cabelos cortados, simulações de sexo, exibição dos genitais, caras enfiadas em excremento de cavalo, longas caminhadas com os pés descalços, raparigas obrigadas a vestir a roupa interior por cima de toda a outra, caloiros bombardeados com tudo quanto é imundice, extorsão de dinheiro, ameaças de agressão física, ingestão de bebidas altamente alcoólicas contra-vontade, deglutição de papel higiénico, humilhação pública extremada sob as mais diversas formas. Tudo isto, no perímetro das instalações da escola onde estudei, com o conhecimento da Direcção da mesma. Integração? Convivência académica? Vão mas é dar banho ao cão e vender essas patranhas a quem vo-las compre. Gostava que algum iluminado me explicasse de uma forma plausível o nível de integração que pode atingir alguém que é obrigado a enfiar a sua cabeça dentro de um balde de merda.
(...)

sábado, 11 de outubro de 2008

Não falta aqui qualquer coisa?

Humm... será a parte da "tradição"?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Manifestem-se, que faz bem à saúde!

Praxes limitadas no Politécnico (jornal O Ribatejano)


As cinco associações de estudantes do Instituto Politécnico de Santarém (IPS) aproveitaram a cerimónia de inauguração do relvado sintético da Escola Superior Agrária para se manifestarem a favor da praxe e contra aquilo que chamam de "atentado contra a liberdade da praxe". Os estudantes queixam-se que foram limitados nalgumas praxes, sobretudo no caso da Escola Superior de Enfermagem, onde só a intervenção da presidente do Instituto terá permitido resolver a situação. Nesta escola, chegou mesmo a ser decidido pelos alunos a não participação no desfile de caloiros pelas ruas da cidade, que já está marcado para o próximo dia 12, situação que acabou por se resolver. [Há aqui qualquer coisa errada... as pessoas vão deixar de fazer algo que dizem ser tradição porque estão a favor da tradição? Paxaroxal, não?]
(...)
Os alunos defendem a praxe como tradição da academia e como forma de integração na cidade e consideram que "não se pode olhar para as praxes apenas como humilhações".[Apenas! Significa: não só, mas também.] "Todos são livres de decidir serem ou não praxados. Além disso, ninguém é obrigado a sair à noite e a faltar às aulas para participar na praxe", refere Nuno Almeida, presidente da Associação de Estudantes da Escola de Gestão e porta-voz dos estudantes neste processo. "A praxe é uma forma de darmos a conhecer o Instituto e a cidade aos mais novos. Nós somos responsáveis por eles, desempenhamos o papel de mãe e pai nesta integração da cidade porque eles não conhecem nada", afirma Nuno Almeida.
(...)
[E fica toda a gente tão aflita com a "indignação" das pessoas pró-"tradição", que têm mesmo que se justificar...]
Jorge Justino, presidente da Escola Agrária, garante que não houve limitações à liberdade de praxe [a não ser as próprias limitações à liberdade que são inerentes à própria praxe] e que apenas foi pedido para que não existissem "brincadeiras violentas".
(...)
Abel Santos, da Escola de Desporto, diz também que (...) "não se pode ser radical e cortar totalmente com estas actividades que são tradição" [Tradição? Ah! É como aquela "tradição" de violentar pessoas com merda de animais... é verdade!]
(...)
Maria João Cardona, da ESES, é declaradamente anti-praxe embora respeite as tradições. [Pois... mas as tradições não são "tradições"...]
(...)
"Em 2006, procurámos definir princípios orientadores para as praxes e que todos os anos procuramos divulgar e fazer lembrar aos responsáveis pela praxe", refere Lurdes Asseiro, frisando que este ano não houve nenhum tipo de limitações extras.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

o fenómeno da "praxe social"

Para os defensores da "praxe", os tempos são de dificuldade: o Mariano Gago avisa que as pessoas que praxam e as que não prestam auxílio têm que ter atenção ao que fazem; proíbem-se as praxes dentro do Técnico (IST), de Ciências (FCUL) e agora também talvez no Algarve.

Por isso é preciso inventar outras formas de manter as hierarquias e os vários poderes, sem que as pessoas "lá em casa" achem muito mal o que se vai fazendo a quem acaba de entrar no ensino superior.

Depois da história da doação de medula óssea e da limpeza da praia, aparecem hoje mais duas "praxes sociais": a limpeza da mata (que já repete o sucedido no ano passado) e a plantação de 8 (oito!) árvores e a gincana contra os comportamentos de risco.

Ficam várias perguntas por fazer. Nomeadamente esta: estas praxes chamam-se praxes? e porquê?

Talvez isso nos ajude a pensar no assunto e a encontrar outras perguntas. E talvez essas perguntas evitem a necessidade visceral de dizer "os alunos só são praxados se quiserem".

Nós, por aqui, vamos procurar mais perguntas. E procurar possíveis respostas.
Porque quando as coisas mudam, nós mudamos com elas (ou será ao contrário...?).

é sempre bom quando os amigos partilham coisas. mas nem sempre podem ser boas partilhas...

fui almoçar e antes e dps de ir observei que uma das "brincadeiras para promover a amizade" é meter 1 miuda sentada no chão e rodea-la por uns 10 batmans a gritar umas merdas quaisquer.

Este comentário vem directamente do Parque das Nações.
As pessoas que encenavam tal peça são da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.

Não vale fingir que estas coisas não foram ditas... porque este ano estas coisas foram ditas em quase todas as reportagens...

Alunos praxados comentam esta prática
Jornal Barlavento

O «barlavento» procurou saber a opinião, acerca das praxes, de quem está no cerne da questão e falou com Ana Grilo, uma das caloiras do curso de Ciências de Comunicação.

Para a recém-chegada à UAlg, «as praxes estão a ser divertidas e, realmente, ajudam à integração e criam um grande espírito de entreajuda entre quem está a ser praxado».
Ana Grilo adianta que nunca se sentiu ofendida, mas «um pouco humilhada no primeiro dia, que é o mais assustador».

Já Marco Maurício é académico (3ª matrícula na UAlg), do mesmo curso, e acha que as praxes, «quando são levadas na normal direcção, servem como forma de integrar os novos alunos em tempo recorde, de desinibir quem chega e de incitar o espírito de turma e de responsabilidade», mas admite que existem praxes abusivas e que «justificam a imagem negativa que esta tradição tem aos olhos de muita gente».

O aluno considera ainda que, muitas vezes, as praxes funcionam como forma de vingança. «Há pessoas que ficam “loucas” com o poder que lhes é concedido e aproveitam estas duas semanas para se libertarem das frustrações e das humilhações que sofreram quando foram praxadas».

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Comunicado da Alternativa Libertária

Chegou-nos este comunicado de um grupo de estudantes anti-praxe de Lisboa. Aprecíamos o eco que começa a fazer-se ouvir contra uma prática degradante da condição humana como o é a praxe. Abaixo a praxe! Abaixo a tradição académica!

«Anos consecutivos de praxe violenta, humilhante e sexista deitam por terra os esforços dos defensores da praxe, apresentada como uma forma tradicional de integração. Nada podia ser mais falso, a praxe nos moldes em que existe na maior parte das universidades de Portugal é uma espécie de violência doméstica tolerada e que tem como objectivo a subserviência dos caloiros (considerados como inferiores) aos seus colegas mais velhos, veteranos ou não (considerados superiores). Toda uma panóplia de alarvidades teóricas baseadas em princípios medievais são a fonte de inspiração de quem praxa: fazer e ter amigos é a mais comum.
Não é preciso pensar muito para chegar a uma conclusão simples, se para ter 'amigos' tenho que me sujeitar a coisas degradantes como simular sexo, comer merda, ser pintado ou dizer de joelhos 'caloiro é pior que cão', prefiro não ter esses 'amigos' e ter outros que não estabeleçam uma 'amizade' depois de me humilharem.
Portugal é um país de modas, a praxe é uma moda e não uma tradição.Se há tradição de praxe apenas pode ser remetida para o caso de Coimbra. No entanto, o argumento de tradição (embora seja uma invenção) por si só também não convence. Existem boas e más tradições, tal como existem bons e maus costumes e a praxe a par do bullyng é um mau costume e algo a que nos devemos opôr totalmente.
A praxe já matou, a praxe já violou, a praxe já deixou marcas para toda a vida como amputações de membros e marcas psicológicas profundas. A praxe anula o sentimento académico de igualdade e união e incentiva o circo foclórico labrego, vazio de espírito crítico. Não é por acaso que as Associações de Estudantes de Portugal são as menos activas da Europa e só se preocupam com festas, galas,praxes e carreirismo politico.
Por estas razões apelamos a todas caloiros que rejeitem a hierarquia imposta por quem é igual a vocês. Apelamos ao boicote e à denúncia daquilo que é a tortura instutucional da praxe.»

Alternativa-libertaria@riseup.net

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Caricatura da praxe!

Veio a público um vídeo que se revela uma bela caricatura da praxe! No extremo, é onde seguir ordens cega e acriticamente nos pode levar! Das praxes aos ditadores pode ser apenas uma questão de proporção e oportunidade...

Caridade por obrigação é caridade?

Ensino Superior: Praxe aos alunos de Medicina transformada em acto de solidariedade no combate à leucemia

Um grupo de estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa vai transformar hoje a praxe aos novos alunos num acto de solidariedade no combate à leucemia, com uma acção de rua às 16:00, no Cais do Sodré.

A Comissão Organizadora da Recepção ao Caloiro da Faculdade de Medicina de Lisboa (FML) pretende "com esta iniciativa inédita sensibilizar a população para a angariação de dadores de medula óssea".

Esta acção tem o apoio da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (ACPL), do Centro Nacional de Dadores de Células e Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão (CEDACE) e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que disponibiliza o equipamento necessário.

"Há ainda alguns mitos sobre a doação de medula óssea, nomeadamente que se trata de um processo doloroso. Com esta acção pretendemos sensibilizar a população para a importância deste acto e angariar dadores", explica Diogo Martins, da Comissão Organizadora da Recepção ao Caloiro da FML.

No Cais do Sodré será instalada uma unidade móvel da SCML para colheita de amostras de sangue - efectuada pelos técnicos do CEDACE - a quem se disponibilizar integrar o banco de dadores de medula óssea.

A falta de dadores de medula óssea é um dos grandes entraves à luta contra a leucemia. Desde 2002, ano em que surgiu a ACPL, o número de dadores passou dos 1.800 para mais de 132 mil. O objectivo é alcançar os 160 mil dadores até ao final do ano.

Lisboa, Portugal 01/10/2008 06:43 (LUSA)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

50 alunos do politécnico assistidos no hospital com problemas gastrointestinais



Bragança

Cinquenta alunos do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) foram hoje assistidos na urgência da unidade hospitalar de Bragança com problemas gastrointestinais de causas ainda desconhecidas




Segundo confirmou fonte hospitalar à Lusa, 50 estudantes foram atendidos na urgência, mas apenas três ficaram em observação para receberem soro, por se encontrarem mais debilitados.

A fonte esclareceu ainda que «nenhum dos estudantes apresentava desidratação ou problemas de maior» e que «alguns procuraram assistência hospitalar mais por precaução, perante os sintomas dos colegas».

Vómitos, diarreias, febre, arrepios e cólicas eram alguns dos sintomas que vários alunos, a esmagadora maioria caloiros, começaram a sentir ao início da manhã de hoje, segundo contou à Lusa Filipa Carvalho da Associação Académica do IPB.

A maioria dos afectados frequenta a Escola Superior Agrária, de acordo com outras duas alunas, que acompanharam os colegas ao hospital, Elisabete e Sandra Pinto.

Segundo contaram, os alunos com sintomas jantaram, terça-feira à noite, na cantina do politécnico e por terem este facto em comum, inicialmente suspeitou-se de uma intoxicação alimentar.

O administrador dos serviços sociais do IPB, Osvaldo Régua, disse à Lusa que esta possibilidade está a ser averiguada, mas mostrou-se convencido de que é «remota».

No jantar de terça-feira, segundo disse, foram servidas quase 600 refeições e apenas um número reduzido de alunos acordou com os sintomas.

«O próprio pessoal da cantina comeu o mesmo e não apresenta qualquer problema», afirmou.

Mesmo assim, o IPB enviou para análise laboratorial amostras da comida servida, nomeadamente amêijoas, que serviam apenas de acompanhamento ao prato principal, mas que surgiram no topo das desconfianças dos alunos.

O administrador garantiu que a cantina está sujeita a «um processo rigoroso de controlo» pelo que considera «estranhoque o problema esteja relacionado com a refeição».

Acredita mais na hipótese de uma virose por a maioria dos alunos afectados serem caloiros da Escola Superior Agrária, que, no momento, participam nas praxes com rituais, nomeadamente em lameiros e noutros locais em que podem ficar expostos a este tipo de situações.

Lusa / SOL


A praxe é saudável! Principalmente para os alunos do 1º ano que vão mergulhar voluntariamente na lama enquanto os doutores assistem.

- Youri Paiva