domingo, 13 de dezembro de 2009

XI Colóquio de Sociologia - "Prós e Contras da Praxe"

Colóquio Sociologia

O M.A.T.A. estará presente no XI Colóquio de Sociologia da Universidade do Minho, organizado pelo NECSUM - Núcleo de Estudantes do Curso de Sociologia da Universidade do Minho.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Portalegre: Alunos da Escola Superior de Educação apresentam queixas das praxes

Mais uma vez não existem grandes surpresas. Todos os anos a história é a mesma: para além do carácter hierárquico e humilhante da praxe, cometem-se abusos físicos. Desta vez foi durante o "tribunal" de praxe na Escola Superior de Educação de Portalegre, onde os alunos recém-chegados são julgados pelos mais diversos "crimes", como a recusa de participar numa determinada praxe, ou algum tipo de "desrespeito" (inventado) aos doutores-abutres. Cá fica a notícia e esperam-se novidades:


Alunos da Escola Superior de Portalegre queixam-se das praxes
Lusa/Público - 10 Dezembro 2009

A Escola Superior de Educação de Portalegre (ESEP) vai abrir um processo de averiguações para identificar os alegados autores de praxes violentas a um grupo de alunos, revelou hoje à agência Lusa fonte do estabelecimento de ensino.

De acordo com o presidente do conselho directivo da ESEP, Albano Silva, a escola vai desencadear um “inquérito interno”, que promete ser “breve”, para apurar a veracidade da situação e “responsabilizar” os presumíveis infractores.

Entre as várias denúncias apresentadas ao concelho directivo daquele estabelecimento de ensino, afecto ao Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), os alunos relatam que foram vítimas de “agressões físicas, apalpões e ofensas” durante o último Tribunal de Praxe.

As denúncias do grupo de alunos, que entrou na segunda fase de candidaturas ao ensino superior, recaem sobre alegados elementos da Comissão de Praxe, nomeadamente sobre um conjunto de jovens que agiram encapuzados (denominados como carrascos).

“Vamos inquirir para tentar chegar, rapidamente, à veracidade dos factos”, limitou-se a adiantar Albano Silva.


Ligações: notícia no Público e na Lusa; entrevista a Joaquim Mourato, presidente do Instituto Politécnico de Portalegre à Rádio Portalegre.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

«O que eu penso das praxes», por Gonçalo Amorim

Esta é a décima contribuição para a nossa rubrica «O que eu penso das praxes», que começou a ser publicada no blog do MATA desde Outubro. Gonçalo Amorim junta-se assim aos nove outros nomes que podem encontrar na lista «O que eu penso das praxes», na coluna lateral do blog.

Gonçalo Amorim (n. 1976) é actor e encenador. É formado em teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Já trabalhou, entre outros, com o Teatro o Bando, os Primeiros Sintomas, o Útero, os Artistas Unidos e a companhia Olga Roriz. Em cinema já trabalhou com Raquel Freire, Edgar Feldman e Josá Filipe Costa. Em 2007 ganhou o prémio da crítica, atribuido pela A.P.C.T., pela sua encenação de Foder e ir às compras de Mark Ravenhill. Tirado daqui.



A irresistível prAXE

A irresistível prAXE é a palavra portuguesa que mais se assemelha ao desodorizante de odor duvidoso irresistível AXE.
A irresistível prAXE tal como o irresistível AXE servem, supostamente, para melhorar, de forma manhosa, a coabitação de estranhos no mesmo espaço. No entanto, a irresistível prAXE é uma solução fácil para impulsionar a higiene universitária, uma vez que a irresistível prAXE, assim como o irresistível AXE, duram pouco e não se podem considerar (por mais publicidade que se faça) soluções fiáveis para o sovaco do ser humano. O ser humano precisa de arejar e arejar o mais possível. Os amigos/as e namorados/as que tu consegues com a irresistível prAXE são os mesmos que tu consegues com o irresistível AXE: Cheiram a mofo!
A irresistível prAXE e o irresistível AXE só são irresistíveis se alguém o berrar constantemente ao teu ouvido.
Tanto a irresistível prAXE como o irresistível AXE têm os dias contados.
A Universidade precisa de novos ares e tenho a certeza que todos juntos somos capazes de melhor. Ou não?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Processo de Bolonha cá, nas Ordens, e lá fora na Alemanha

Publicam-se duas notícias recentes sobre o Processo de Bolonha.
A primeira, do Expresso, faz referência aos protestos que se começaram a fazer na Alemanha e que uniram professores e estudantes contra o Processo de Bolonha.
A segunda, um artigo de opinião no Diário Económico, sobre o impacto do Processo de Bolonha nas Ordens profissionais.


Ensino com sabor à bolonhesa
Nas últimas semanas, os estudantes alemães vêm pondo em causa currículos demasiado densos e condições inaceitáveis. E o debate sobre a pertinência do "processo de Bolonha" enche os jornais do país. Revista de imprensa publicada no site Presseurop.eu
20:17 Quinta-feira, 26 de Nov de 2009

Depois da Áustria, a Alemanha. Dez anos após o seu lançamento, o processo de Bolonha - o ideal de um espaço universitário europeu - é contestado desde o início das aulas. Pela primeira vez desde a época revolucionária dos anos 60 e 70, estudantes, dirigentes estudantis e professores fazem uma frente comum, assinala o "Süddeutsche Zeitung".
Os estudantes, explica o diário de Munique, são submetidos a "estudos ultra-regulamentados", em que se torna impossível preencher as lacunas culturais criadas no liceu. Os professores sujeitam-se a uma "servidão à eficácia" que os põe ao serviço de classificações internacionais para as quais têm de fazer investigação, publicar tanto quanto possível e "desperdiçar imensas capacidades em termos de ensino e pesquisa" em prol da obtenção de financiamentos.
Protesto contra propinas é errado
Para o "Süddeutsche Zeitung", o movimento é inteiramente justificado, ainda que "os estudantes misturem política de educação e política social. [...] Os protestos contra o pagamento de propinas - aliás muito moderadas, na Alemanha, em relação a outros países - são um erro."
"Os estudantes não têm unicamente objectivos racionais ("Pais ricos para todos")", acrescenta o "Tageszeitung" de Berlim. "Revoltam-se contra reformas há muito ultrapassadas: reformas que radicam em concepções de educação que datam do século XIX. A licenciatura remete para a ideia de que todos os que vão para a faculdade querem ou têm de tornar-se professores. É, pois, justo dividir os estudos em etapas, para os tornar 'estudáveis'."
Recorde de estudantes na Alemanha
Ora o número de estudantes atingiu valores recordes. Este ano, constata o "Süddeutsche Zeitung", inscreveram-se no primeiro semestre 423.000 estudantes: "o maior valor de sempre". Representa 43,3% dos jovens alemães.
Do ponto de vista económico, esta evolução torna o processo de Bolonha indispensável, insiste o "Handelsblatt". "Ninguém se atreve a dizer aos estudantes que estudar foi sempre cansativo. Como era dantes? As massas estudantis perdiam tempo porque eram abandonadas à sua sorte". O diário económico admite que a organização dos cursos é demasiado estrita, mas que o encurtamento do tempo de estudo e a flexibilidade introduzidos por Bolonha são ideias com futuro.

Bolonha e as Ordens
26/11/09 00:01 | Francisco Murteira Nabo
A entrada em vigor este ano, de forma mais ou menos generalizada, do Processo de Bolonha, em praticamente todos os estabelecimentos de ensino superior, com a adopção no país de uma licenciatura com um 1º ciclo de apenas três anos, veio a ter um impacto diferente nas diversas ordens profissionais, na medida em que exigindo praticamente todas para acesso à ordem, antes do Processo de Bolonha entrar em vigor, um mínimo de quatro anos de escolaridade obrigatória, a União Europeia acabou por as diferenciar, regulando apenas para algumas profissões, ao nível da União, as condições mínimas para o exercício da profissão - o 2º ciclo (mestrado) ou o mestrado integrado - e deixando incompreensivelmente a questão omissa para as restantes. Como a maioria das ordens não abrangidas pela exigência do mestrado pela União - como é o caso da Ordem dos Economistas - têm nos seus Estatutos, como exigência de acesso à Ordem, uma licenciatura (sem especificar o número de anos), para manterem o nível de exigência anterior a Bolonha estas Ordens terão necessidade de, ou baixar o nível de exigência no acesso, ou proceder a uma alteração dos seus estatutos, substituindo a licenciatura por mestrado. Havendo um certo consenso entre as ordens profissionais de que se deve (no mínimo) manter o anterior nível de exigência, decorrem obviamente, há já longos meses, na Assembleia da República contactos (até agora sem sucesso) no sentido da aprovação da referida alteração estatutária.
A questão porém não é simples, não só porque qualquer alteração estatutária é complexa e demorada, como o número de pedidos de acesso às ordens de licenciados só com o 1º ciclo é cada vez mais elevado, dado que os actuais licenciados são já, na sua grande maioria, pós-Bolonha.
No caso concreto da Ordem dos Economistas - enquanto se aguarda que a Assembleia da República autorize a alteração estatutária que contemple o mestrado como critério de base para a admissão à Ordem - o Conselho da Profissão recomendou que os licenciados com o 1º ciclo de Bolonha sejam admitidos como estagiários, adicionando ao programa de estágio anteriormente requerido, para a passagem a efectivo, sessenta créditos ECTS ou equivalente, a certificar por uma instituição universitária com competência para o efeito, podendo ambas as componentes do estágio ser efectuados num período máximo de cerca de quatro. É a meu ver uma solução transitória inteligente - que esperamos seja aprovada por uma Assembleia-geral da Ordem, a efectuar em Janeiro/Fevereiro próximos - porque sem pôr em causa o objectivo final do acesso à Ordem só com o mestrado (ou equivalente), permite que os licenciados com o 1º ciclo de Bolonha já participem nas actividades da Ordem, embora sem serem efectivos, além de, com esta medida, se fomentar o incremento da frequência do 2º ciclo (mestrado), que é desejável pela maioria dos economistas, por permitir um nível de qualificação muito mais elevado.

Francisco Murteira Nabo, Bastonário da Ordem dos Economistas