sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A praxe origina rivalidades absurdas

Num post mais atrás - Maravilhoso para mostrar o discurso de tom intimidatório e o carácter obrigatório e não-agradável da praxe - numa resposta a um comentário referimos um ponto que nos parece importante e que caracteriza a praxe. Nesse ponto dizemos, e passo a transcrever:
"(...) a praxe (...) separa as pessoas em cursos, anos, faculdades e cidades diferentes, fomentando uma rivalidade absurda que já originou, por várias vezes confrontos entres estudantes (...)"
E agora aparece-nos a notícia de que a praxe é proibida no Instituto Politécnico de Castelo Branco e o motivo para tal decisão são os "actos de vandalismo", "os conflitos" e "os distúrbios que ocorreram em plena Av. Nuno Álvares, junto à Câmara Municipal de Castelo Branco, alegadamente devido à escolha da Escola Superior de Educação como vencedora do cortejo."
Uma rivalidade entre escolas provavelmente alimentada pelas praxes.
Enfim, fica à vossa reflexão.

Seguem-se as notícias de 3 jornais:

Politécnico proíbe praxes dentro das escolas
25 de Novembro de 2010, José Furtado, Jornal Reconquista
Os actos de vandalismo ocorridos na Latada motivaram a decisão de Carlos Maia, que exige uma reorganização das praxes.

O Instituto Politécnico de Castelo Branco proibiu a realização de qualquer actividade relacionada com as praxes nas instalações das escolas. Na base desta decisão estão os actos de vandalismo verificados no dia da Latada, a 10 de Novembro. Os distúrbios ocorreram em plena Av. Nuno Álvares, junto à Câmara Municipal de Castelo Branco, alegadamente devido à escolha da Escola Superior de Educação como vencedora do cortejo.
No dia seguinte o presidente do Politécnico, Carlos Maia, convocou para uma reunião o presidente da Federação Académica do Instituto Politécnico (Facab), as associações de estudantes e os representantes das comissões de praxe. Do encontro saiu a decisão de “suspensão, por tempo indeterminado, dos apoios às actividades relacionadas com a praxe”, bem como a proibição também por tempo indeterminado “da realização de qualquer actividade relacionada com a praxe, nas instalações do IPCB e nas suas unidades orgânicas”.
O presidente da Facab, assume que os acontecimentos que levaram a esta decisão do presidente do Politécnico “não são nada dignos” e diz entender a posição de Carlos Maia neste processo.
Paulo Madeira demarca-se dos acontecimentos, mas diz também que os distúrbios poderão ter sido provocados por alguns elementos exteriores ao Politécnico.
O levantamento da suspensão decretada pelo Politécnico está agora dependente da reorganização das praxes, explica o dirigente da Facab, que deverá emitir em breve um comunicado sobre o assunto.

Castelo Branco: praxes suspensas após distúrbios na latada
25 de Novembro de 2010, Diário Digital / Lusa
Qualquer actividade relacionada com as praxes está proibida nas instalações das seis escolas do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB). A proibição surge na sequência de actos de vandalismo ocorridos há duas semanas na latada.

Os actos de vandalismo terão sido motivados por um alegado descontentamento em relação à escolha da escola vencedora do cortejo. Os mesmos actos de vandalismo levaram à convocação, pelo presidente do Politécnico, de uma reunião com o presidente da Federação Académica do Instituto Politécnico (Facab), associações de estudantes e os representantes das comissões de praxe.
Do encontro saiu a decisão de «suspensão, por tempo indeterminado, dos apoios às actividades relacionadas com a praxe» e da realização de qualquer actividade relacionada com a praxe, «nas instalações do IPCB e nas suas unidades orgânicas», refere um despacho do Politécnico ao qual a agência Lusa teve acesso.
O levantamento da suspensão está dependente da reorganização das praxes, disse também à Lusa o presidente da instituição, Carlos Maia.
A Facab diz entender a posição do presidente do IPCB e o presidente da federação assumiu que os acontecimentos que levaram a esta decisão «não são nada dignos». Paulo Madeira admitiu, no entanto, que os distúrbios poderão ter sido provocados por alguns elementos exteriores ao Politécnico.

Politécnico de Castelo Branco suspende praxes após distúrbios na latada
por Agência Lusa , 25 de Novembro de 2010
O Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) proibiu a realização de qualquer atividade relacionada com as praxes nas instalações das suas seis escolas, após atos de vandalismo ocorridos há duas semanas na latada.

Os atos de vandalismo terão sido motivados por um alegado descontentamento em relação à escolha da escola vencedora do cortejo e levaram à convocação, pelo presidente do Politécnico, de uma reunião com o presidente da Federação Académica do Instituto Politécnico (Facab), associações de estudantes e os representantes das comissões de praxe.
Do encontro saiu a decisão de "suspensão, por tempo indeterminado, dos apoios às actividades relacionadas com a praxe" e da realização de qualquer atividade relacionada com a praxe, "nas instalações do IPCB e nas suas unidades orgânicas", diz um despacho do Politécnico ao qual a agência Lusa teve hoje acesso.
O levantamento da suspensão está dependente da reorganização das praxes, disse à Lusa o presidente da instituição, Carlos Maia.
A Facab diz entender a posição do presidente do IPCB e o presidente da federação assumiu que os acontecimentos que levaram a esta decisão "não são nada dignos".
Paulo Madeira admitiu, no entanto, que os distúrbios poderão ter sido provocados por alguns elementos exteriores ao Politécnico.

6 comentários:

Anónimo disse...

"E é assim mesmo que tem de ser! O meu curso é o meu clube de futebol!"

Anónimo disse...

O Ensino Superior é frequentado maioritariamente por crianças, querem o quê...

Anónimo disse...

Porque os anti-praxe nunca partiram para a violência. Amigos, merda existe em todo o lado...

serraleixo disse...

Se os anti-praxe partiram para a violência num contexto de praxe, hierarquia da praxe, ou outra situação relacionada com esta tradição, então mais uma razão para se ser anti-praxe. Se foi por outros motivos então não tem nada a ver.

Anónimo disse...

é verdade que há alguns sitios onde a praxe não é boa, na realidade nao é praxe, porque há muitas faculdades onde a praxe é realmente praxe.
a praxe nao nos separa em grupo, mostra-nos que devemos ter orgulho no nosso curso na nossa faculdade, em todos os nossos colegas estudantes e no nosso país (apesar de ter muitos defeitos). Em praxe gritamos a mostrar orgulho na faculdade e no curso! isso é mau? conhecemos pessoas da nossa e de outras faculdades, sim, porque os doutores de praxe, especialmente muitos veteranos, fazem o seu papel durante o gozo do caloiro, fora disso são nossos amigos e falam connosco de igual para igual. já "enchi" muito na praxe, mas tambem ja gritei, cantei, ri, brinquei e fiz amigos. sou caloira e tenho orgulho disso! os doutores de praxe quando não estao a fazer o seu papel (sim, porque é um papel que representam no gozo do caloiro) dizem para aproveitarmos porque ser caloiro e uma das experiencias que guardam co mais carinho, e comigo vai ser igual. adoro a praxe! fiz flexoes porque quis, quem nao consegue nao faz e nao e castigado por isso!

Caloira orgulhosa que nunca se setiu humilhada, pelo contrario!

DVRA PRAXIS SED PRAXIS

Sara Coimbra disse...

O problema é que os "caloiros" e os "senhores doutores" acham que é preciso praxe para se aprender a ter orgulho no curso, na faculdade e nos colegas. É uma pena que achem isso. Se se tiver em conta esse tipo de argumentos, então os praxistas só provam que a praxe é desnecessária porque eu não preciso de ser praxada para ter orgulho na minha faculdade.
Acho triste rivalidades entre faculdades, como acho triste rivalidades entre clubes de futebol.
É que é algo que eu acho mesmo impressionante: achar-se que é preciso alguém que nos diga para ter orgulho...