terça-feira, 2 de novembro de 2010

EVENTO: Ciclo de debates PRIVADO, PÚBLICO e COMUM

Anunciamos um evento que nos parece ser do interesse da Universidade e de quem a vive:

Organizado pelo Teatro Maria Matos e pela UNIPOP
# entrada livre #
mais informações em http://u-ni-pop.blogspot.com.
local: TEATRO MARIA MATOS

 
Depois das quatro primeiras sessões («O que é o Comum», com Michael Hardt, «Economia, Comunismo e Pirataria», com José Maria Castro Caldas e Miguel Serras Pereira, «Cidades, Centros Comerciais e Praças Públicas», com João Pedro Nunes, Manuel Graça Dias e Miguel Silva Graça, e «Media, Propriedade e Liberdade», com Nuno Ramos de Almeida e Rui Pereira), o ciclo Privado, Público, Comum prossegue na próxima quarta-feira, dia 3 de Novembro, com o debate «Medicina, Ciência e Saberes», com António Fernando Cascais e Isabel do Carmo.
 

3 de Novembro | 18h30
Medicina, Ciência e Saberes
Conversa com António Fernando Cascais e Isabel do Carmo

Em tempo de guerra ou em tempo de paz, o sistema estatal de saúde constitui um dos elos mais importantes da relação entre os Estados e as populações e
durante a segunda metade do século XX os sistemas estatais de saúde têm sido considerados, na Europa mas não só, como uma das áreas primordiais de
intervenção estatal, entre outras coisas visando impedir que as desigualdades económicas entre pessoas e classes se reflictam de modo ainda mais marcante no direito universal à saúde. Durante o mesmo período, contudo, as relações entre médico e doente têm vindo a ser cada vez mais objecto de debate, no quadro do questionamento das lógicas de poder subjacentes ao conhecimento científico, daqui resultando importantes discussões acerca da importância do «atendimento» em meio hospitalar (questão particularmente valorizada por agentes privados do sector da saúde), por um lado, e, por outro, da necessidade dos sistemas públicos integrarem saberes e conhecimentos heterodoxos face às correntes dominantes na medicina (questão com implicações a nível nacional mas também no quadro dos debates em torno das valências de diferentes práticas culturais).

António Fernando Cascais é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Isabel do Carmo é médica no
Hospital de Santa Maria.


10 de Novembro | 18h30
Escola, Ordem e Emancipação
Conversa com António Avelãs e Jorge Ramos do Ó

A disputa pelo método de educar atravessa a história e é motivo de concórdia e discórdia entre professores, ministros, pais, psicólogos, alunos. Entre o
ensino público e o ensino privado, o primeiro financiado pelo Estado e o segundo suportado pelas famílias, têm-se travado muitos destes debates, que
se cruzam com outros tantos, à volta do ideal iluminista da educação como emancipação, e do seu potencial para corrigir as desigualdades ou, pelo
contrário, para as reproduzir. Entretanto, a disputa pelo método de educar coloca igualmente em campo professores e alunos. As relações de poder que
entre eles se estabelecem, das reiteradas críticas à falta de autoridade dos docentes à tentativa de levar a cabo experiências pedagógicas emancipatórias
da condição estudantil, têm suscitado um debate pouco informado, mas nem por isso menos acirrado, e que constitui o ponto de partida para esta conversa.

António Avelãs é professor e presidente do Sindicato de Professores da Grande Lisboa e Jorge Ramos do Ó é historiador e professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.


***

Introdução do Ciclo:

Há mais vida além do Estado e do mercado? Ao longo dos últimos anos, a oposição entre público e privado tem ocupado um lugar fundamental em grande
parte dos debates políticos e com a crise económico-financeira esta tendência acentuou-se de modo ainda mais nítido. Neste ciclo de debates, a UNIPOP propõe partir das contraposições entre público e privado e entre Estado e mercado, discutindo-as em diferentes dimensões do quotidiano, da organização do trabalho à construção das cidades, passando pelos processos educativos, pelo espaço mediático e pelas políticas de saúde. Procuraremos analisar as transformações das últimas décadas, tanto à escala nacional como à escala global, e apontar novos caminhos, num debate que vai além da simples contraposição entre público e privado ou Estado e mercado, contraposição cuja rigidez tende muitas vezes a confinar o combate aos processos de privatização à defesa do controlo estatal. Se por um lado queremos mapear claramente o que separa privado e público, por outro trata-se de questionar a possibilidade de questionar formas de poder transversais ao espaço público e à esfera privada.

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