domingo, 8 de novembro de 2009

Propagandas silenciosas

Um livro que comecei recentemente a ler, Propagandas silenciosas - Massas, televisão, cinema (Ignacio Ramonet), há um passagem que se enquadra na minha opinião sobre a tradição académica.
Tendo a praxe a pretensão de ser o modo como os estudantes de ensino superior se relacionam entre si (hierarquiza-os), como eles devem produzir cultura (tunas e semelhantes), e como pretende uniformizá-los (dando-lhes um uniforme/traje), e portanto atribuindo-lhe uma dimensão massificadora, parece-me comparável à indústria cultural de que fala Ramonet neste livro, embora com uma propaganda nada silenciosa.

«A desconfiança a respeito da indústria cultural e da sua propaganda silenciosa repousa fundamentalmente em três receios:
1. que ela reduza os seres humanos ao estado de massas e entrave a estruturação de indivíduos emancipados, capazes de discernir e de decidir livremente;
2. que ela substitua, no espírito dos cidadãos, a legítima aspiração à autonomia e à tomada de consciência por um conformismo e uma passividade perigosamente regressivas;
3. que ela propague, por fim, a ideia de que os homens desejem ser fascinados, desviados e enganados na esperança confusa de que uma espécie de satisfação hipnótica os fará esquecer, por um instante, o mundo absurdo, cruel e trágico onde vivem.»

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