segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Notícias dos protestos no Reino Unido (2)

Do Centro de Média Independente - Portugal chega-nos a seguinte notícia:

Um assalto ao futuro

12 de Dezembro de 2010
Conforme anunciado, mais de 30 mil estudantes marcharam, na passada quinta-feira, em direcção ao parlamento inglês, num protesto poderoso contra o corte de 40% do orçamento para as universidades, a duplicação (por vezes triplicação) do valor das propinas e a mercantilização da educação.
Tomaram a praça do parlamento num registo de raiva dirigida aos deputados que aprovariam a alteração da lei da educação, numa intenção clara de passar os custos da crise para cima dos de baixo. É a mesma política que corta apoios sociais, que despede funcionários, que congela ordenados, que privatiza tudo que pode... e a lista poderia continuar.
A polícia voltou à táctica do cerco da manifestações (onde não se pode entrar e de onde não se pode sair) e houve muitas detenções. Uma das técnicas mais criativas de tentativa de combate ao cerco policial foi a desenvolvida pelo Book Bloc.

A luta estudantil britânica insere-se numa resposta que uma geração começa a dar a quem lhe quer cortar o futuro, obrigando-os a endividarem-se para poderem estudar, cortando-lhes nos apoios sociais e aumentando-lhes as despesas. A mesma resposta que tem vindo a ser dada, noutros locais, pela ocupação de universidades (que está a acontecer por toda a Europa), o bloqueio de cidades, as greves selvagens.
A determinação de milhares de estudantes em Londres, a raiva dos que invadiram o senado italiano contra a austeridade e os cortes na educação abre-nos o hoje, mostrando-nos o caminho para que o amanhã seja alguma coisa a ganhar e que começa no momento em que se decide colectivamente arriscar e lutar. A recusa de nos transformarmos todos em precários eternamente endividados e as lutas extraordinárias que se começam a desenvolver nesse sentido têm a capacidade de nos mostrar um presente com uma intensidade que ultrapassa a linearidade do seu próprio tempo. É um assalto ao futuro!
Não queremos mais dívidas, não queremos menos direitos, não queremos precariedade, não queremos pagar mais para estudar em Londres, Paris, Viena, Roma, Madrid, Dublin ou Lisboa. Esta resposta europeia tem tudo a ver com a recusa das políticas de austeridade e é um movimento que, apesar de disperso por várias lutas e vários países, fala a mesma língua, um verdadeiro movimento estudantil europeu, variado e radical, que procura coordenar-se. Um movimento de recusa que precisa de se encontrar e inventar uma gramática política diferente contra a venda de toda a vida ao lucro privado e à sua estratégia, implementada através dos Estados, de receita única: austeridade, cortes e endividamento.
A solidariedade que, em vários pontos da Europa, tem permitido a trabalhadores e estudantes encontrarem-se do mesmo lado da barricada deve crescer e ser a semente que se lança e que transforma o vento em vendaval.

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