... fica a Mensagem à Academia do reitor da Universidade de Évora, Carlos Braumann:
«Caros colegas, estudantes e funcionários
A Reitoria tem recebido, de várias origens, queixas de alguns abusos ocorridos nas praxes aos novos alunos da Universidade. Apesar destas situações serem recorrentes e comuns às instituições de ensino superior, cremos que elas devem merecer toda a nossa atenção e o nosso veemente repúdio por tais abusos, os quais, para além de afectarem física e psicologicamente os estudantes, perturbam o bom funcionamento das actividades e degradam a imagem da Universidade junto da população, dos pais e dos próprios estudantes.
Consideramos o acolhimento e integração dos novos alunos muito importante pelo que a Reitoria desenvolveu várias iniciativas no sentido de facilitar esse processo. Desde há meses que tem havido contactos frequentes com o Conselho de Notáveis, no sentido de limitar a duração e prevenir eventuais excessos no decorrer das praxes, tendo este Conselho assumido o compromisso de tudo fazer no sentido de os evitar. Por isso, nos últimos dias temos mantido contactos regulares com este órgão, alertando-os para as ocorrências que temos tido conhecimento e estes têm procurado exercer uma acção pedagógica junto dos colegas. Porém, as actividades decorrem de forma descentralizada e dispersa, quase sempre no espaço público da cidade, o que dificulta o seu controlo.
É de realçar que várias estruturas têm apoiado o acolhimento dos estudantes. A Associação Académica e o referido Conselho deram valioso apoio no processo de matrícula dos alunos da 1ª fase de colocações e na resolução de alguns problemas práticos com que se deparam os novos alunos. Várias Escolas e Comissões de Curso têm organizado acções diversas de acolhimento e de boas vindas aos estudantes. A Reitoria tem estado a preparar, com a colaboração activa das associações estudantis, uma acção de acolhimento institucional a concretizar após a chegada dos alunos da 2º fase.
Os funcionários dos Colégios têm instruções para não permitir a realização de acções de praxe no interior das instalações da Universidade, com excepção das aulas de praxe nas datas previstas. Apelamos também à comunidade académica no seu todo que colabore no cumprimento destas disposições e informe os serviços de qualquer situação anormal.
Apelo ainda para que a liberdade individual de quem não quer aderir à praxe continue a ser respeitada, sendo ainda essencial que as acções das praxes prezem os direitos de cidadania e a dignidade dos novos alunos e, naturalmente, a população em geral, evitando exageros e sejam sempre orientadas para integrar harmoniosamente e acolher com amizade os novos colegas. É esse o apelo sincero que faço aos estudantes, com os votos de que o ano lectivo que ora se inicia seja de sucesso académico e pessoal.
Saudações académicas.»
O que me ficou:
- os abusos acontecem e são frequentes;
- e a possibilidade de controlo é difícil, para não dizer impossível, para aqueles que, segundo as inventadas "leis da praxe", têm essa responsabilidade.
Qual é a resposta então à praxe?
sábado, 25 de setembro de 2010
Porque, para alguns, os abusos apenas acontecem quando se sabe deles...
Publicada por serraleixo em sábado, setembro 25, 2010
Etiquetas: abusos, direcções universitárias, praxe
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8 comentários:
A resposta creio eu, é a proibição e responsabilização criminal, dentro e fora das instituições de ensino, não vislumbro outro modo de controlar estas practicas, porque sabemos que as mudanças de mentalidade demoram decadas, e se esperarmos por isso, os abusos e as degradantes imagens irão repetir-se por muito mais tempo.
É pena que os reitores das universidades compactuem com estas práticas sobre o pretexto que que é tradição e que serve para a integração, ou então com medo da contestação ou de se imporem dentro das suas próprias universidades.
Só em Portugal, é que se vêm abusos às claras, perante toda a gente, e dentro de um órgão do estado e ninguém faz nada.
Ridículo, é um eufemismo para descrever o que se passa...
Actualmente, o mínimo que se exige é a proibição da praxe dentro das universidades.
Sim, a proibição da praxe dentro das universidades já era bom, o ambiente iria melhorar com certeza. Seria bastante mais provável que as aulas decorressem sem interrupções devido à passagem dos rituais barulhentos junto às janelas.
Daqui a pouco temos praxes no infantário.
Estamos a criar uma geração de ovelhas.
http://www.youtube.com/watch?v=O8CJMjjUxWU
http://www.canalguimaraes.com/show/2930-Praxes-no-Ensino-Secundario
Isso já no meu tempo de secundário havia! Infelizmente a praxe já chegou à escola primária, mas consegue ser mais humana e adequada que a do ensino superior. As crianças do 4º ano pintam os miúdos do 1º, e ficam por aí. Mas são crianças. Falta saber se a praxe não vai "evoluir" para a estupidez com o passar do tempo, sabe-se lá, neste país a porcaria alastra-se rapidamente.
Porque para alguns a praxe é apenas o que querem ver...
eu só tenho uma grande questão para estes senhores que constituem este movimento! Terão eles sido praxados na altura em que estiveram na faculdade? muitos acredito eu que sim mas provavelmente a meio desistiram. mas também aposto que a maior parte nem la pôs os pés!
O propósito da praxe não é integrar os alunos, a integração decorre inevitavelmente do tempo que passam todos juntos na praxe, como é natural. Isso é o que nós dizemos a quem sinceramente não percebe nada disto, do que é a praxe, porque não a viveu ou então porque a viveu numa universidade com pouca história e tradição praxística e de bons custumes.
O objectivo da praxe final é crescermos como pessoas. Não como cidadãos (pra isso temos os pais e professores), não como idealistas políticos (pra isso existem os devidos cursos e órgãos políticos de juventude), nem como sabedores da cultura do nosso povo (pra isso temos os museus, o turismo nacional, as escolas/faculdades e enciclopédias nas livrarias).
Na praxe aprende-se a respeitar (não a humilhar) uma pessoa mesmo que não se goste dessa pessoa, o respeito está acima de tudo. Na praxe aprende-se a ser humilde e a acatar as ordens de quem nos é superior, bem como a ter cuidado com as ordens que se dá aos inferiores, ensinando também por isso a responsabilidade. E na praxe aprende-se a ser solidário com os nossos iguais, aprendemos o que realmente significa ser UM e de quanta força e respeito transmite a União.
Que ninguém me venha com tretas de que somos todos iguais porque na nossa sociedade somos todos diferentes. O dono não é igual ao patrão, o patrão não é igual ao chefe, o chefe não é igual ao empregado. Vivemos num mundo em que se não comemos e calamos facilmente nos põem na rua e vêm-me dizer que existe democracia? Onde é que numa empresa, de qualquer ramo que seja, há democracia??? Digam-me onde porque até hoje não vi nenhuma!
A praxe é opressiva? Não, mas exige respeito e humildade para desempenhar a sua função e não aspirar a outra a não ser no seu devido tempo e com o devido esforço e respeito.
Alguém tem alguma coisa a acrescentar?
Ricardo
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