terça-feira, 13 de maio de 2008

A invasão...




Atenção! Atenção! Aviso à população!
A Baixa Lisboeta, desde da Praça dos Restauradores até ao Cais do Sodré, foi completamente invadida por corvos. É fenómeno anti-natura nunca antes visto na nossa sociedade evoluída. Eu tive o privilégio de assistir, com os meus próprios olhos, aos comportamentos destes espécimes.
Durante a tarde no meu trabalho, na Baixa, ouvia gritos histéricos pela rua. Sempre que ia para a entrada espreitar não via nada de suspeito. Pensei que pudesse ser uma manifestação da CGTP, dois cauteleiros a discutir sobre a melhor terminação da Lotaria Clássica, ou uma pessoa desesperada por ter encontrado o seu automóvel bloqueado pela Polícia Municipal enquanto só tinha ido beber uma mini ao café "O Fingal".
Saio do trabalho ao final da tarde e dirijo-me para a Casa do Alentejo e começo a ver algumas, mas poucas, figuras de indumentária bastante estranha. Por um lado pareciam trabalhadores de colarinho branco que deviam ter saído da Loja do Cidadão, por outro pareciam o fantástico Zorro pelas compridas e belas capas que ostentavam orgulhosamente. Apesar disso, segui em passo acelerado para a embaixada alentejana, pois eu cá estava com sede.
Umas duas horas depois saio, já acompanhado, da magnífica associação cultural para me dirigir para casa. Começamos a observar que eles se multiplicaram - eram pior que coelhos. Agora via-os pela rua de Portas de Santo Antão a beber ginginhas como se não houvesse amanhã, e ainda fomos a tempo de ver um grande grupo mais elitista que preferiu a suculenta carne frita do McDonald's, erguendo orgulhosamente a nossa lusa bandeira. Eles urravam! Eles gritavam! Eles estavam tão divertidos! Essa sensação de liberdade imediatamente me preencheu. É tão bom ver seres humanos tão jovens armados em aves.
Seguimos pelo Rossio, entrei na rua do Carmo e já via vários a subir e a descer a rua Garrett. Achei estranho, pois era segunda-feira e o Bairro Alto é aborrecido (embora para mim essa seja uma constante da vida). Já não estava a compreender nada. Comecei a sentir-me perdido e agoniado. Só queria sair dali, não ter que ver tanta felicidade alcoólica em gente bem vestida.
Descemos para a rua do Ouro, o movimento de aves continua semelhante... até ver a rua do Comércio cortada. Olho para a Direita e vejo um bando enorme de corvos aos berros. Oiço música. Vejo luz. A Praça do Município estava repleta, invadida, e infelizmente não era o 25 de Abril. Fugimos para a Praça do Comércio - lá estaríamos em segurança para apanhar o eléctrico. Novamente encontro estes seres vorazes a gritarem obscenidades sobre como desejam fazer sexo em grupo nos seus futuros consultórios de psicologia. Outro bando, maioritariamente masculino, em jeito de pré-acasalamento, berra o mesmo mas a estudar pedras... E começa uma bela dança de palavras entre futuras psicólogas e futuros geólogos.
Finalmente chega o eléctrico, que antes de nos salvar, leva-nos principalmente para a toca do lobo. Passamos pela Praça do Município e nunca vi nada assim: os corvos grasnavam em volta de belos banquetes de cerveja e churros. Alguns bandos já derrotados afagavam as cabeças dos seus compinchas em quase coma alcoólico, outros erguiam os seus copos de plástico e as suas guitarras em direcção da Câmara Municipal, outros limitavam-se a não deixar o eléctrico passar. Felizmente estava lá a polícia e ajudou-os a sair do meio dos carris.
É compreensível, as aves não primam pela inteligência.
Y.

10 comentários:

Anónimo disse...

Linda descrição dessas aves de rapina!

Anónimo disse...

antes de mais Boa-noite!

no sei porque somos aves de rapina, nem temos inteligencia, ou ate como vocês nos chamam:
os bárbaros.
Não compreendo. se há bárbaros são as pessoas que se dizem do MATA, que estragam as paredes com barbaridades anti tradição académica que ninguém liga, ou que são contra uma prática que só aceita quem quer! a praxe, na minha faculdade ninguém que não queira praxe é praxado.
Mais uma coisa, é uma falta de respeito tremenda falarem como falaram do traje académico, que serve para uniformizar as pessoas, o rico, o pobre, o branco, o negro. todos são iguais quando usam traje....
Não compreendo o vosso problema também com o divertimento dos estudantes. ninguem vai para as reunioões do MATA criticar o que quer que seja, nem dizer mal de ninguém.
como se costuma dizer, para seres respeitado, é necessário respeitares.

Anónimo disse...

uniformizar as pessoas?!
isso era se TODOS usassem traje! dâ!
e só uniformizarias os estudantes uns com os outros, não as pessoas, o resto das pessoas do mundo.
os estudantes são mais que os outros, ou quê? são alguns eleitos no reino dos céus?
e desde quando as pessoas passam a ser iguais por usar a mesma roupa? provavelmente um negro é tratado exactamente com o mesmo racismo se usar traje ou não.
de qualquer maneira, uniformizar é uma palavra horrível. eu cá não a desejo para a minha vida. quero que todos sejam diferentes uns dos outros.
e gostei do texto!

Anónimo disse...

vocês são tão tristes....
excluídos, ninguém vos liga.
mas são porque querem.
praxe não é humilhação, se o fosse eu como praxante que sou nunca teria sido praxado, e se hoje estou feliz na faculdade que estou, é porque me intreguei da melhor maneira graças às praxes, enquanto as pessoas que se declararam anti-praxe hoje ningém lhes fala, mas n é por serem anti-praxe, e porque simplesmente não tiveram o espírito de camaradagem, e porque ninguém os conhece.
e triste porque vces do MATA nunca irão acabar a tradição e cada vez existem menos pessoas do MATA.

DURA PRAXIS SED PRAXIS

Anónimo disse...

Olá Anónimo II.
Eu sou a Diana, faço coisas com o MATA e, para além disso, apesar disso, por causa disso, a par disso, com isso e sem isso, sou muito feliz!
O que me assusta nas tuas palavras é achares que a felicidade está relacionada com seres do MATA ou seres a favor das praxes.
Que visão tão curta do mundo!
Se eu só pensasse em praxes e na faculdade é que era infeliz. Que mundo tão pequeno, o teu.
Vê lá se alargas horizontes! :)
Diana

Anónimo disse...

O traje é conservador e bafiento. Se são pela igualdade...
Defendam igualdade entre os estudantes contra as hierarquias praxe. Critiquem o traje contra o corporativismo.
Mas se são pela distinção ridícula e pela divisão dos estudantes numa escadinha hierárquica, continuem assim, estúpida e orgulhosamente corvos.

Anónimo disse...

Por exemplo, as praxes militares, que consistem basicamente em torturar física e psicologicamente as pessoas, têm em seu abono o argumento de que isso é um bom treino que fortalecerá o soldado. Provavelmente têm razão. De qualquer forma, a partir do momento em que se concorda com a hierarquia do exército, com a autoridade da hierarquia e com o sentido do sacrifício individual pelo todo, todas as praxes que "treinem" eficazmente um militar são positivas e legítimas.
Claro que, este argumento que desafia o Princípio constitucional da Dignidade da Pessoa Humana, se harmoniza no sistema por meio do lema tão batido nos subúrbios americanos "don't snitch", que vigora fortemente em qualquer praxe que se preze. E que é uma forma de criar espaços de impunidade onde o Estado de Direito não toca.
De facto, se os praxados se queixassem de todos os abusos, a praxe como nós a conhecemos seria erradicada. Pelo que, esta é essencialmente uma prática que pretende impor uma ordem social que se sobrepõe à própria Constituição da República! É que, A única maneira de uma sociedade ser democrática é esta ter meios para garantir que certos direitos mínimos das pessoas não são atacados, pelo menos não impunemente.


AL


PS - A isto há que responder com cargas policiais, como se, de repente, os estudantes, numa quantidade muito significativa, fossem possuídos pelos espíritos violentos de babuínos com raiva...

Anónimo disse...

ola Diana,

Eu sou o Filipe e sou praxista, faço coisas com a Praxe e, para além disso, apesar disso, por causa disso, a par disso, com isso e sem isso, sou muito feliz!

bjinhos :)

Anónimo disse...

são todos uns pseudo-intelectualoides, kerem defender kem nao ker ser defendido, ouçam de uma vez por todas "A PRAXE NÂO É OBRIGATÓRIA", vamos todos agora criticar k nem umas senhoras de mercearia, o que uns sujeitos vestidos de preto tão a fazer a uns rapazes que estão de joelhos todos sujos, meu deus, ganhem uma vida, eu tambem não gosto de as senhoras usem tacão, porque o som me irrita, mas não crio um blog contra isso, nem defendo que acabem com eles, simplesmento irrita, mas consigo viver com isso, agora voçes não estão a ser praxados, provavelmente nunca o foram, tb nunca devem ter praxado, parem de criticar e sigam a vossa vida e façam coisas construtivas, não queiram acabar com as tunas tambem!

Anónimo disse...

oh ceus!por favor..já ouviram falar em liberdade de expressão?
s t incomoda o som do saltos altos...faz alguma coisa!s t fizeram mal e n queres q façam o mm aos outros..faz alguma coisa!s fossems todos a favor do mm o mundo era uma desgraça..!eu fui praxada e achei das coisas mais absurdas q ja vi na minha vida..como tal n praxei ninguem, n insultei ninguem..tentei d algum modo conhecer os "caloiros"..leva-los a conhecer a cidade!enquanto q colegas meus se quiseram "vingar" do q lhes tinham feito(e q n tinham gostado)!......acredito q como eu as pessoas do M.A.T.A conhecem a praxe e foram praxados!e acho mt bem q demonstrem a sua insatisfação...!!

nota: n conheci ninguem nas praxes, visto q n podia falar e m limitava a olhar para o chao..!

obrigada=)