domingo, 26 de fevereiro de 2012

Zeca Afonso e Coimbra

Já se sabia que a relação entre Zeca Afonso e Coimbra tinha sido difícil, como o próprio escreveu na sua autobiografia:
«Em Coimbra as coisas mudavam lentamente. Novas remessas de estudantes, menos pitorescos mas mais conscientes do que os do meu tempo, mais devotados aos problemas que fatalmente surgiam num meio sufocado por tradição, as mais das vezes inútil, intentam, à semelhança do que já outras gerações haviam feito, romper declaradamente com o bafio, pôr de parte a quinquilharia passadista do velho romantismo do «Penedo», realizar ao nível associativo uma modernização da vida académica dentro dos limites a que os forçava o estreito meio geográfico em que viviam.»
(...)
«Nalgumas andanças por Lisboa tomei esporádico contacto com outros meios estudantis. Rapazes novos, dinâmicos, combativos, de pés bem assentes na terra, com os quais, embora de uma forma efémera, muito me foi dado a aprender. Ganhei amizades, rejuvenesci e sobretudo senti na carne a urgência de alguns problemas que até então mal tinham afectado a minha maneira de ser.
Numa disposição de espírito muito diferente da que me levara a procurar fora de Coimbra uma largueza de horizontes que a cidade me negara, renovei um pouco o meu conhecimento dos homens e dos lugares.»
Mas parece que Coimbra também "ignorou e hostilizou" Zeca Afonso como nos conta Rui Pato:

Coimbra ignorou e hostilizou Zeca Afonso
Rui Pato participou em tertúlia que assinalou 25 anos da morte do cantor e garantiu que a cidade foi "madrasta" por considerar as suas baldas uma afronta à praxe


1 comentários:

Anónimo disse...

É sempre bom não esquecer um grande combatente, hoje e sempre, em que a sua arma era a palavra. Hoje e sempre, os desalinhados causam incómodo.
Ainda que bem que há gente com boa memória.