segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Caloiros obrigados a beber e a fumar

Por: Secundino Cunha, Correio da Manhã
Praxes: ‘Doutores’ da Universidade do Minho acusados de abusos

Uma dezena de pais de alunos que este ano entraram para a Universidade do Minho estão indignados com a violência das praxes praticadas em vários cursos, nos pólos de Braga e Guimarães, e admitem fazer uma exposição ao Ministério Público e à reitoria da Universidade.


"Os que se auto-intitulam doutores obrigam os caloiros a ingerirem grandes quantidades de bebidas alcoólicas, logo pela manhã, a fumar e, o que é mais grave, a faltar às aulas para marcarem presença nas sessões de praxe", disse ao Correio da Manhã um dos pais, que preferiu não se identificar, com receio de represálias sobre o filho.

Para este pai, que está disposto a levar o caso até às últimas consequências, "o que se passa, em termos de praxe, na Universidade do Minho ultrapassa todos os limites". Adianta que "os chamados doutores agem com total impunidade, como se fossem os donos da academia".

"Não é admissível que os alunos se convençam de que o primeiro ano é para chumbar porque os colegas mais velhos resolvem estender a praxe pelo ano todo, em vez de a confinarem à chamada semana de recepção ao caloiro", disse ao Correio da Manhã Manuel Almeida, outro dos pais indignados.

Contactado pelo CM, o vice-reitor Rui Vieira de Castro disse que "a reitoria da Universidade do Minho repudia com toda a veemência quaisquer exageros nas praxes e promete instaurar processos de averiguações, que podem evoluir para processos disciplinares, em todos os casos concretos que lhe chegarem ao conhecimento".

Referindo que não teve, pelo menos até agora, conhecimento de nenhum caso de exagero nas praxes, Rui Vieira de Castro pede a todos os que possam ser vítimas de tais atitudes que as comuniquem à reitoria.

Na Universidade do Minho, a semana de recepção ao caloiro terminou na sexta-feira, mas as praxes irão continuar até Maio do próximo ano.

REITOR RETIRA DO PROTOCOLO A FIGURA DO 'PAPA'
O reitor da Universidade do Minho, António Cunha, tem lutado contra todos os exageros nas praxes, pretendendo que "essa prática se restrinja à semana do caloiro e decorra de forma civilizada". Uma das primeiras atitudes antipraxe foi retirar do protocolo da recepção ao caloiro a figura do ‘Papa’, que é o aluno com maior número de inscrições na Universidade do Minho. "Não fazia sentido pôr o pior dos alunos a dar as boas--vindas aos novos estudantes", justificou a reitoria.
____________
Estivemos num debate na Universidade do Minho em Dezembro de 2008. Como em todos os lados onde vamos, disseram-nos que ali não havia abusos. Aliás, garantiram-nos. Considerar uma acção de uma praxe um abuso ou não é evidentemente subjectivo. E também na Lei é subjectivo, embora se protejam determinados direitos.
Artigo 13.º [da Constituição Portuguesa] - Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
Artigo 25.º - Direito à integridade pessoal
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos.
Se os alunos se acharam submetidos a abusos e não conseguiram fazer valer os seus direitos enquanto estavam a ser praxados, vendo-se obrigados a denunciar a situação aos pais, então cometeu-se um crime. E esse crime deve ser julgado.

A reitoria primeiro diz que não tem conhecimento de abusos na praxe na sua Universidade mas depois o Reitor admite que tem lutado contra todos os exageros nas praxes. Se luta contra eles é porque eles existem. Ou seja, não feito o possível para prevenir os abusos. Estão apenas à espera que lhes caiam em cima dos joelhos, como agora, para depois fazerem qualquer coisa.

6 comentários:

Tenrinho disse...

É engraçado que eu frequentei a praxe toda e passei a todas as cadeiras, nunca me obrigaram a beber ou fumar, tive la porque quis, perguntaram se eu queria ser antipraxe disse sempre nao e continuarei a dizer sempre nao.

Lau C. disse...

Só uma correcção: voces estiveram no coloquio do NECSUM na Universidade do Minho em 2009 e não em 2008.

Rock disse...

É bastante engraçado tudo isto que é dito e palpitado. Eu por momentos ponderei até comentar está noticia mas é de tal forma descabida e desinformada de quem a elaborou que nem me dou sequer ao trabalho. Deixo só algumas noções que muitas pessoas nem sequer imaginam.
Quando um doutor que vai a Recepção ao caloiro vê um novo aluno do seu curso de tal forma decadente que simplesmente pensa ser prudente pegar nele e levar-lo para casa acontece isto. Porque sim é muito dai que vem uma noticia como está um doutor leva um "miúdo" a casa e os pais porque este "miúdo" até agora nunca tinha a liberdade de sair de casa como desta vez simplesmente olha para o "miúdo" e pensa "tas todo arruinado, mas o culpado de tudo isto é quem te trouxe a casa o doutor, ele é que te embebedou". E tudo isto porque algum quis ajudar.
Mas nem me dou ao trabalho de explicar mais num blog de um movimento que quem pertence ou não contem cultura ou então são pessoas bastante contraditórias, para quem não sabe, Serenatas é uma tradição académica (onde curiosamente é considerado uma das muitas tradições da cultura portuguesa), Queimas das fitas é outra tradição académica (onde alunos anti-praxe costumam participar mas pelo nome do vosso movimento concluo que os vossos membros simplesmente não participem). E como estas duas existem mais um sem número de actividades de cultural, e tradições Académicas que concluo que vocês são completamente contra.

Enfim em suma digo a todos que se derem ao trabalho de ler isto, |QUANDO NÃO SE SABE DO QUE SE FALA, É MELHOR ESTAR CALADO DO QUE DIZER BARBARIDADES|.

Anónimo disse...

Que tristes. Tanto vocês como todo o pseudo-jornalismo que serve para fundamentar as vossas convicções. Tratem-se!

Anónimo disse...

Eu sei do que se fala.
Fui praxado o suficiente para perceber que não metia mais os pés nessa idiotice.

É bom preencher o vazio da maior parte dos parolos que caem nas Universidades por força da vontade da família, é bom dar praxes, bebedeiras e fodas a um monte de imberbes sem personalidade.

Triste, é estar de joelhos na lama e fingir que se acha piada, não ter força para recusar.
Mais triste ainda, é achar mesmo piada, ser um sabujo que quer agradar ao pinguim, que se rebaixa de sorriso na cara. É este carneiro que depois defende a praxe, a maravilha de ser praxado. E que depois praxa.
"As minhas praxes foram brutais, andámos de quatro numa fonte de olhos vendados, mas depois fomos com os doutores beber, muita porreiros, apanhei uma granda bezana." É o discurso do típico estúpido que semeia a estupidez.

Desculpem a agressividade, mas chateia-me ver que as Universidades são antros de estupidez que provem ideias ocas e os conceitos de hierarquias infundamentadas.

Anónimo disse...

Burros tambem são aqueles que um dia ao trabalharem para uma empresa , ao primeiro raspanete de um individuo "hierarquicamente superior " , ficam de trombas e a pensar que são donos de uma tal razão . As praxes nao servem só para "bom grado de alguns" ! Tu com essa do fui praxado suficientemente , quando levares com a primeira foda da tua entidade patronal deves ser daqueles que fica a embufar em casa durante um mês !