terça-feira, 25 de outubro de 2011

Associação Académica de Lisboa gere "saco azul" com o aval das associações de estudantes

Texto de Bruno Horta • 15/10/2011 - 14:07, Jornal Público

Conta paralela na CGD regista movimentos nunca escrutinados, o que já levou a várias demissões na direcção

A actividade financeira da Associação Académica de Lisboa (AAL) está a ser gerida através de uma conta bancária paralela desde 2010, o que já levou a várias demissões na direcção.

A conta foi aberta na Caixa Geral de Depósitos (CGD), num balcão existente no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. Tem como primeiro titular Luís André Fernandes Castro, 29 anos, estudante do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa e presidente da direcção da AAL desde Fevereiro de 2010.

Luís Castro foi eleito por um ano e reeleito a 3 de Março deste ano. É também presidente da Secção Oriental de Lisboa da Juventude Social-Democrata. E, ao que o próprio escreve num blogue, foi membro da comissão política de Cavaco Silva na candidatura à Presidência da República e um dos mandatários da juventude de Pedro Passos Coelho.

Movimentos bancários "inexplicáveis"

Documentos a que o PÚBLICO teve acesso demonstram, por exemplo, a existência de nove depósitos em dinheiro no mesmo dia, a 17 de Maio: 21 mil, 300, 400, 475, 440, 200, 145, 250 e dois mil euros. Além de pagamentos de 194,60 euros num restaurante e de 420 euros num hotel, também em Maio. Nesse mês, entre os dias 9 e 14, decorreu a Semana Académica, uma festa com música ao vivo.

"Estes e outros movimentos, a proveniência e o destino são inexplicáveis", diz fonte próxima da direcção. "Todos os elementos da direcção, da assembleia geral e do conselho fiscal da AAL, e membros de muitas associações de estudantes de Lisboa sabem da existência da conta paralela, mas só duas ou três pessoas na AAL conhecem os extractos", garante.

Um vice-presidente eleito em Março, Tiago Rapaz, afastou-se da AAL a 18 de Setembro, alegando, na carta de demissão, que "a existência na CGD de uma conta bancária paralela, titulada individualmente por alguns elementos da actual direcção", é "repugnante". Não foi possível apurar quais os outros titulares da conta.

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