domingo, 28 de fevereiro de 2010
Praxes violentas na UTAD
Publicada por m.a.t.a. em domingo, fevereiro 28, 2010 18 comentários
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
«O que eu penso das praxes», por Antonino Solmer
Antonino Solmer (n. 1950) é actor e encenador. Formou-se na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e estagiou na Polónia. Trabalhou, entre outros, com os encenadores Ricardo Pais, Jorge Listopad, Fernanda Lapa e Osório Mateus. Encenou textos de Handke, Schnitzler, Rozewicz, Herberto Hélder, Brian Friel, Gabriela Llansol, Yourcenar, Y. Ritos, José Triana, Hauptman, Lorca, Ibsen, Strindberg e Martin Crimp. Fundou e dirigiu a companhia ContraRegra. Foi professor de teatro no Conservatório Nacional e integrou o ACT - Escola de Actores. Foi director do Teatro da Trindade e subdirector do Teatro Nacional D. Maria II. No cinema, trabalhou, entre outros, com João Mário Grilo e Fernando Matos Silva. Na televisão com António Escudeiro, Ferrão Katzenstein e Jaime Campos e integrou o elenco da série Duarte & Companhia e da telenovela Terra-Mãe. Dirigiu espectáculos musicais para Sérgio Godinho e Emilio Cao. Ver mais aqui.
O QUE EU PENSO DAS PRAXES
Circularidade duma afirmação mais ou menos irracional como numa bebedeira.
Um editor amigo dizia-me: Porque é que continuamos a publicar mais, sempre mais, e a vendermos menos, cada vez menos? Porque estás a cavalo numa bicicleta. Se parares de pedalar, cais. Tens a sensação de que perdes, que não acompanhas o outro.
“Como no poço da morte, como no poço da morte…”
Há uma força centrífuga que te torna herói ou te distingue.
As capas sempre tiveram propósitos. Ao longo da história.
Foram adoptadas as negras. Curiosamente como em Espanha, como negros são as borlas e chapéus académicos do Brasil.
Ritos de iniciação. A “caloiros”.
Quem sabe já o que são esses ritos?
Nos anos sessenta, paquete de uma companhia de seguros, mandaram-me ir do 3º andar ao r/c buscar o “livro dos mortos” dos anos trinta. Disseram-me que eram aqueles tantos calhamaços encadernados e o mais que houvesse…
O meu pai recebeu um aprendiz que dizia “frosfaz” em vez de esferográfica; e “frifo” em vez de frigorífico. Fizeram-lhe uma “amostra”, consistindo isso numa exposição dos órgãos genitais onde todos podiam cuspir. A este, por último, puseram-lhe massa consistente a cobrir os pêlos dos colhões. O jovem chegou a casa e teve se ir lavar ao ar livre, fora da vista da família que vivia numa barraca.
Qualquer feiticeiro ancestral, dum qualquer povo recôndito e “subdesenvolvido”
ficaria incrédulo com tal rito e tal iniciação.
Qualquer autor de Harry Potter transcreverá ritos galhofeiros, pelo meio da trama,
duma forma que acrescenta uma finalidade positiva.
O rapaz do “frofaz” e do “frifo” chegou no outro dia para ganhar o seu salário.
Contou com melancolia o que teve de passar para lavar os colhões na água fria. E estava sorridente.
E eu percebi que a sua solidão continha o medo da afirmação que o desprenderia do “costume”.
Que o despenderia da “maioria”. Que tudo isso o levava ao exercício e aceitação de uma fácil e autoritária hierarquia.
“A referência é o patamar de cima.
- Como no poço da morte, como no poço da morte… -
Um desejo de ascenção e até de identificação com quem já lá esteja. Uma vez lá chegados, naturalmente, acamaradamos com os que ali se encontram e, recordando as provações passadas, traçamos os limites corporativos do patamar.
E torna-se evidente que tudo isto pode valer. Como prova de um sistema baseado no primado do poder.”
As capas sempre tiveram propósitos. E histórias cuja densidade tiveram identidade e história.
Tradição? Sim!
Mas qual?
Esquecemo-nos no tempo como Coimbra (a das capas) para uns é Choupal, Pedro e Inês, serenatas às raparigas, Menano e Luís Góis, Zeca Afonso,
Adriano, e ainda Antero.
E para outros mais a cidade conservadora que ainda vence.
A cidade da obscura espera
de Cerejeira e Salazar, antes do ataque.
As boas tradições são aquelas que perduram na senda do futuro.
Que perseguem uma Obra e uma Construção.
Hoje, o respeito pelos homens e pelos Direitos Humanos, exigem das autoridades,
a começar – logo, evidentemente – pela autonomia dos movimentos associativos –
o exercício das responsabilidades que lhes são inerentes.
Publicada por Ponnette em terça-feira, fevereiro 16, 2010 1 comentários
Etiquetas: o que eu penso das praxes
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Cinco anos de prisão para violador de caloira
Muitos virão dizer que isto não tem nada que ver com praxe, foi só um louco que fez isto por sua livre e espontânea vontade e que o que aconteceu não estava no programa de quem organizou a queima das fitas. Pedimos que reflictam um pouco antes de quererem simplesmente afastar o mal com um empurrão e um fechar de olhos. Que pensem como é que violações, acidentes e traumas têm que ver com as relações desiguais que se estabelecem entre quem praxa e quem é praxado, a construção representada de uma elite da sociedade (os estudantes, esses grandes supostos filhos da nobreza) e a ilusão de que os momentos de praxe são momentos de excepção (momentos em que quem ganha é quem bebe mais álcool de uma vez e quem faz a figura mais triste).
Não nos surpreende que as queixas continuem a aumentar nos últimos tempos, tornando-se casos de tribunal que aparecem nos jornais. E percebemos bem porque é que muitas vezes as vítimas queixosas são mulheres. (Sobre a falta de arrependimento do acusado, que alega ter sido seduzido pela nova aluna, nem fazemos comentários!) As pessoas começam a fartar-se e perceberam enfim que a praxe não pode continuar a ser uma seita fechada onde se passam as maiores aberrações e que o que acontece no seu âmbito pode dizer-se à sociedade, aos tribunais e aos jornais. Tem de sair cá para fora, para que todos saibam. Os traumas individuais é que serão mais difíceis de curar.
Diana Dionísio
Cinco anos de prisão para violador de caloira
Crime ocorreu no recinto da queima das fitas de Braga, em 2008
00h25m
PEDRO VILA-CHÃ
O colectivo do Tribunal de Braga condenou a cinco anos de prisão efectiva um antigo estudante da Universidade do Minho, dando como provados os factos de que era acusado: violação de uma aluna durante a festa académica do Enterro da Gata, em 2008.
Os factos remontam ao dia 11 de Maio, um domingo, dia em que a aluna, caloira, então com 18 anos, foi violada por Pedro Orlando Alves, então finalista do mesmo curso de Biomédicas. Ambos estavam no recinto onde decorriam as tradicionais festas estudantis, tendo o aluno agarrado a vítima, levando--a para uma tenda onde consumou a violação. Após quatro audiências, o colectivo de juízes concluiu haver matéria de facto para acusar Pedro Orlando, condenando-o a cinco anos de prisão efectiva e ao pagamento de uma indemnização de 35 mil euros.
"Acho que se fez justiça, por ter sido condenado a pena efectiva, porque este foi um crime muito violento. A [...] está satisfeita com a sentença e pode ser que isso também contribua para que ultrapasse o trauma em que ainda se encontra", disse a mãe da vítima ao JN. De resto, a aluna acabou por abandonar o curso que frequentava, em Braga, e pediu transferência, "porque não aguentava estar naquela cidade".
O advogado de defesa da vítima, Paulo Ferronha, lembra que "a pena aplicada tem em conta a frieza do acusado, ao não assumir arrependimento pelo crime que cometeu. Ele alegou sempre que foi seduzido e que houve sexo oral consentido, mas os exames periciais demonstraram politraumatismos que desmentem".
De resto, o advogado referiu que ante um crime violento em que a moldura penal vai de três a dez anos "foi feita a justiça possível" e o facto de não ter sido aplicada pena suspensa permite ao condenado ter "a percepçãode que cometeu um crime hediondo". Na altura, a aluna contou que tinha estado com amigas na tenda de Biomédicas e bebera uma ou duas bebidas, quando o colega a puxou para trás da barraca. Ainda pensou que se tratasse de mais uma praxe. Recusou quando o colega tentou convencê-la a manter relações sexuais, mas depois foi dominada pela violência. Ainda gritou, mas de nada lhe valeu. "Foi violada de todas as formas", disse a mãe da jovem.
in Jornal de Notícias
a mesma notícia no Guimarães Digital
Publicada por Ponnette em sexta-feira, fevereiro 12, 2010 81 comentários
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
RUBI: Reportagem sobre as Praxes
Nesta reportagem podem ser ouvidos argumentos em defesa e contra a praxe académica. E há lá umas belas pérolas a defender a praxe... Vale a pena ouvirem neste sítio da Rádio da Universidade da Beira Interior.
Publicada por Unknown em quinta-feira, fevereiro 11, 2010 0 comentários
Etiquetas: Notícias, participações do MATA, praxe