domingo, 17 de maio de 2009

Semana Académica - o vazio que entretém

A respeito do último post lembrei-me de um cartaz que fizemos há tempos sobre o tema da Semana Académica e o vazio que ela constitui: uma semana de praxe e bebedeira organizada.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boa noite,

Praxe é tradição, Praxe é o meio de criar Mulheres e Homens que saibam no futuro (na sua futura vida profissional) lidar com as dificuldades que lhes aparecerem à frente. Que outro meio terias para ensinar a alguém que deves respeito ao mais velho, que tem de acatar as ordens do superior apesar de não concordarem com elas? Isto é um exemplo dos valores que praxe te ensina. Praxe melhora a personalidade das pessoas, ensina os valores que por vezes falharam na educação que receberam dos seus pais. E na sociedade em que vivemos e com a evolução que constantemente nos deparamos, é visível na juventude a falta de educação (e penso que serás da minha opinião). Quantas vezes viste um puto estúpido a insultar a professora? As consecutivas notícias que se houve na televisão não são prova disso?
Para além disso praxe é importante para a inclusão do estudante no meio universitário. A oportunidade que se cria de o caloiro conhecer doutores e estes lhe ensinarem os 'truques' das cadeiras, o nome de cada sítio da faculdade, como jogar king (no caso da minha faculdade em que se pode dizer que é 'tradição') é importantissimo para que o caloiro saiba como a faculdade funciona.
A Tradição Académica vem por acréscimo. Por todos os anos de vivência em praxe surgiram eventos necessários e importantes para que praxe se torne uma vivência importante e inesquecível.
Conclusão: Sim, Praxe e Tradição Académica é importante e é necessária. Pode ser feita da maneira errada (e isso sim eu critico até incentivo há criação de um blogue para melhorar praxe e no futuro eu o criarei, se ainda não tiver sido criado) mas é necessária.

Continuação, Pastrana da Faculdade de Economia do Porto.

ser.r.alves disse...

Citando, "Praxe é o meio de criar Mulheres e Homens", "Que outro meio terias para ensinar alguém", "Praxe melhora a personalidade das pessoas".
Portante para ti a praxe tem a função de substituir a sociedade, os professores, a escola, os pais, os amigos, a família, os inimigos, os livros, os filmes, a música, o teatro, (a cultura de uma forma geral), as conversas por acaso com desconhecidos, etc. Para ti é a praxe (berros; álcool; brincadeiras do "rei manda, servo faz"- o que é diferente de "patrão manda, empregado faz", pois tanto o patrão e o empregado têm responsabilidades e funções bem definidas; etc) que incute valores nas pessoas. Sugeres ainda que "um puto estúpido insultar a professora" acontece porque ele não foi praxado, e, seguindo o raciocínio (de outra forma não sei porque o terias dito isto), se fosse praxado já não insultaria a professora.
Entre outras barbaridades que disseste saliento estas, pois é o que o tempo de que disponho agora me permite.
beijinhos

Youri Paiva disse...

Há muitas formas de aprender "valores", sempre existiram, e a praxe não é uma forma exclusiva de isso acontecer. Na realidade não vejo "bons valores" a serem partilhados durante as praxes académicas, e tu dás alguns bons exemplos disso.

Quando fui praxado a única coisa que percebi é que umas pessoas mandavam porque tinham mais matrículas (e isso não está propriamente ligado ao mérito), percebi também que o poder dessas pessoas não era questionado e daí ocorrerem todo o tipo de abusos e actividades que em nada dignificam o ser humano. Descobri também que alguns valores que a praxe "ensina" passam pelo sexismo, a homofobia e a xenofobia.

Não concordo que se deva ensinar a respeitar o mais velho só porque é mais velho, e que isso permita o "mais velho" abusar e humilhar o "mais novo". Prefiro os valores da fraternidade e amizade, e isso não se faz com hierarquias etárias. Concordo ainda menos com acatar ordens do "superior". Para mim não faz sentido não questionar as "ordens" e a "moral" de quem manda no local de trabalho ou na sociedade. Questionar isso é saber viver em democracia e não em ditadura. Porque seguindo esse pensamento acabamos por seguir, sem questionar um pouco, as ordens do marido/mulher, dos pais, dos patrões, dos polícias, dos governantes - mesmo que estes estejam profundamente errados (algo que não é tão raro quanto isso).

O que se vê na televisão sobre as escolas não revela grande coisa. Há casos problemáticos, é certo, que são uma minoria em relação à população total de estudantes (e professores - as ultimas notícias toca-lhes mais a eles). Não vejo é "boa educação" nas praxes, vejo insultos e humilhações.

A restante "aprendizagem" da localização das salas, do apoio nas disciplinas bem que dispensa a praxe. Depois de ter participado num dia da praxe não me envolvi mais com esse mundo, não tive problemas nenhuns em conhecer pessoas do meu curso e de outros cursos, do meu ano e de outros anos. Isso é uma falácia: as pessoas sabem relacionar-se sem rituais inventados.

Não há maneira certa nem maneira errada de fazer a praxe. Ela é um problema social em si.

Como disse, prefiro mesmo a partilha de valores e ideias de igualdade e amizade.