sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Que se passa no ensino superior? (2)

Cortes levam universidades a apostar em donativos de alunos

Texto de Samuel Silva 26/11/2011
Pedir dinheiro a alunos e ex-alunos é uma das soluções que as instituições de ensino superior estão a começar a explorar como alternativa aos cortes do financiamento público. A Universidade do Porto (UP) será a primeira a criar um gabinete de angariação de fundos, em 2012. Em projectos mais específicos, há outras instituições nacionais a enveredar pelo mesmo caminho.

A instituição em que esta modalidade de financiamento alternativo ganha principal expressão é a UP, que está a ultimar a criação de um gabinete de angariação de fundos. O objectivo é "profissionalizar" o contacto com os potenciais interessados, especialmente os antigos alunos, estreitando a relação com estes e tentando explorar o sentimento de "gratidão" com a universidade em que se formaram.

A UP vai criar, em Janeiro de 2012, uma estrutura dependente da reitoria dedicada apenas a esta função. O modelo de funcionamento estará definido até ao final do próximo mês e, em breve, duas ou três pessoas vão começar os contactos com os antigos estudantes.

Antigos alunos são alvo preferencial
A criação deste gabinete de angariação de fundos surge na sequência de uma primeira experiência bem-sucedida na instituição. No início de 2011, a universidade desafiou a comunidade académica a contribuir para o financiamento das comemorações do seu centenário. "Os resultados foram muito interessantes", salienta Raul Santos, coordenador do projecto. Mais de 600 pessoas responderam ao apelo com uma média das contribuições de 100 euros. Ao todo, foram angariados cerca de 50 mil euros.

O financiamento das universidades através de donativos de ex-alunos é prática corrente nos países anglo-saxónicos. Só nos EUA, estima-se que estas receitas representem anualmente mais 20 mil milhões de euros nos cofres das universidades. E as instituições portuguesas começam agora a olhar para esta fonte de receitas como alternativa aos cerca de 600 milhões de euros a menos que vão receber do Orçamento do Estado.

Em 2010, quando foi preciso reabilitar a torre da Universidade de Coimbra, a instituição pediu ajuda aos antigos estudantes. Recebeu cerca de 10% dos 300 mil euros que custaram as obras de donativos de particulares - os restantes foram pagos por uma instituição bancária.

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