O Observatório dos Direitos Humanos elaborou um relatório sobre as praxes académicas. O relatório foi-nos enviado pelo ODH e tem circulado pela internet. O que poderia ser um relatório interessante, que levantasse questões, que analisasse a fundo o que se passa nas praxes académicas deste país, acaba por ser um texto muito pobre na sua dimensão, ideias e conclusões.
Um dos grandes problemas deste relatório é o total desconhecimento do que é e do que se passa na praxe académica. Uma boa parte do texto é copiada de variadas fontes da internet – da página do Antípodas, de artigos de jornais, de crónicas e opiniões, de fóruns de discussão, da Wikipedia, acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça, etc. Todas estas transcrições não têm a respectiva fonte nem são sequer assinaladas. Além do mais, este copy-paste de vários textos – por vezes parágrafos inteiros – acaba por ter consequências como frases sem nexo nenhum e várias contradições ao longo do relatório.
A própria conclusão do relatório tem essas cópias de vários sites, levando a pensar que o ODH não conclui absolutamente nada. Na realidade, o relatório começa e acaba com várias contradições:
- No enquadramento avisa que não se pode confundir «praxe académica» com «gozo ao caloiro» (frase que existe em inúmeros sites, desde dicionários virtuais à página de jovens da Igreja Universal do Reino de Deus), quando no restante «texto» é a praxe que é «analisada» e todos os abusos e problemas descritos são referentes à praxe;
- As conclusões são absolutamente banais. Todos os abusos devem ser condenados, mas aí parece que está toda a gente de acordo – não é pensado o que é e o que representa toda a praxe e que toda ela é um problema.
Além do mais, ignora por completo o papel dos trajes, festas, queimas das fitas, tunas e todas as demais expressões da praxe.
Ora, é um relatório que não relata nada. Copiando umas frases e parágrafos da internet fora de contexto, concluindo coisas completamente vulgares, este relatório parece uma oportunidade perdida de se analisar a sério a praxe académica. Em vez de se contactar com o que se passa nas universidades, contactar com os estudantes, com as Associações Académicas e de Estudantes, as Instituições do Ensino Superior, o Ministério da Educação e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, com movimentos e grupos anti-praxe, com publicações que estudaram o assunto, quem redigiu este relatório limitou-se a um trabalho pelo Google.
Não leva a nada.
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