terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Muito se empenham eles a tentar ter lucro na festa... até alteram a «tradição»!

Mais uma noite de foliana Queima das Fitas


A nova Comissão Central da Queima das Fitas já trabalha na festa


A maior festa dos estudantes portugueses, a Queima das Fitas de Coimbra, já tem a comissão de estudantes eleita que se vai responsabilizar pela próxima grande festa académica, que irá decorrer de 3 a 10 de Maio. Oito dias e nove noites, que prometem muita animação, numa festa que é uma marca incontornável da cidade. A próxima edição da Queima coimbrã traz novidades, que mexem com a própria história da festa. Pela primeira vez, a Queima das Fitas vai ter nove noites, que vão decorrer no Queimódromo, na margem esquerda do rio Mondego. Mas a grande novidade, em termos de tradição académica, é o facto do tradicional cortejo dos quartanistas - um dos pontos altos da Queima das Fitas - decorrer no primeiro domingo da festa (dia 4 de Maio), interrompendo a tradição ancestral das terças-feiras. O Processo de Bolonha, que mexe com todo o Ensino Superior, obrigou também os "doutores" da praxe coimbrã a mexerem nas velhas tradições. Para além de terem surgido novos títulos no Código da Praxe, Bolonha obrigou também o Conselho de Veteranos (que tutela a praxe em Coimbra) a mudar o figurino da Queima das Fitas. Com o o Cortejo ao domingo, o presidente da nova Comissão Central da Queima das Fitas (CCQF), Nuno Pais, acredita que "mais gente pode vir a Coimbra assistir ao cortejo". O facto da Queima de 2008 incluir mais uma noite (num total de nove) num momento em que são crescentes as queixas da população vizinha do Queimódromo em relação ao ruído, que se prolonga por toda a noite, não parece preocupar os jovens organizadores. "É a grande festa que mexe com a cidade", justificou Nuno Pais, que acredita na tradicional simbiose entre Coimbra e a sua Academia, embora os protestos junto da autarquia tenham subido de tom nos últimos anos. Também o que tem subido de forma clara são os lucros da festa. Depois de uma crise, com a apresentação de um saldo negativo, que motivou queixas às autoridades, as duas últimas queimas deram lucros avultados. O recorde foi mesmo batido no ano transacto, com 811 mil euros de benefício. Questionado sobre se estes altos valores positivos não podem aumentar a pressão sobre os jovens organizadores, desejosos de conseguirem ainda mais lucro do que no ano anterior, o presidente da nova CCQF disse que o desejo da sua comissão "é fazer a melhor festa possível para os estudantes, sem dar prejuízo". Se der lucro, quem lucra também são os próprios estudantes, através da Associação Académica de Coimbra e das suas secções desportivas e culturais.


Américo Sarmento

1 comentários:

Anónimo disse...

O que o processo de Bolonha obrigou a estes "dirigentes associativos" foi a mexer nas velhas, pútridas e bafientas tradições. Apareceram novos títulos para as crianças poderem brincar melhor aos "doutores". Realmente, o processo de Bolonha, e o actual Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, colocaram o Ensino Superior num caminho corrupto e assim estes serão os únicos títulos que estes meninos alguma vez verão, para além do assegurado título de desempregado. Mas eu até mostrava alguma preocupação pelo futuro desta gente ignóbil se não fosse o presente deles estar garantido pelas avultadas quantias monetárias que devem meter ao bolso na organização destes eventos "tradicionais". Pois assim qualquer um quer ser "tradicionalista"!