No passado dia 28 de Novembro, em Elvas e Coimbra assistiu-se, mais uma vez, aos efeitos da praxe, desta feita não só na vida estudantil, mas também na vida de pessoas. Tal como se passou com a Ana Sofia Damião e a Ana Santos, a vida dois jovens nunca mais será a mesma depois de sujeitos às "brincadeiras" da praxe.
Em Coimbra, no contexto da "Real Praxe", Luís Vaz, 20 anos, estudante de Engenharia do Ambiente na Escola Superior Agrária de Coimbra, ter-se-á lançado de um escorrega, com um desnível de 2 metros, para um "lago" de lama e palha. A queda resultou em lesões vertebro-medulares a nível da coluna cervical, sendo que neste momento o estudante se depara com a possibilidade de uma tetraplegia permanente.
No mesmo dia, em Elvas, também no contexto das actividades de recepção ao caloiro, João Pedro Farinha, estudante do 1º ano na Escola Superior Agrária de Elvas, após o "tradicional" rally tascas, terá sofrido uma queda de uma altura de 20 metros, perante o olhar atónito dos seus colegas.
O que é apontado como uma brincadeira, moderada e desejável, é-o apenas no discurso, porque as suas práticas traduzem um total desrespeito pelas liberdades e direitos das pessoas que nelas participam. Na nossa opinião, tal apenas vem demonstrar que as estruturas que a praxe tem vindo a organizar numa tentativa de legitimização, institucionalização e moderação (que surgiram como resposta às pressões de uma opinião pública cada vez menos disposta e menos tolerante perante as "brincadeirinhas" da praxe), não são mais que uma operação cosmética a algo que na sua essência não é mascarável: a subjugação dos estudantes pelos estudantes.
É imperativo que a comunidade escolar (estudantes, professores e funcionários), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a sociedade reflictam sobre estes fenómenos. Aliás, espanta-nos que no início da sua legislatura o ministro Mariano Gago tenha manifestado total repúdio perante estas práticas, tendo chegado a caracterizá-las como fascistas, mas que rapidamente tenha adoptado uma postura de total silêncio sobre o assunto.
Chamar brincadeira e integração a algo que permite a prática de actos bárbaros e transforma estudantes, supostamente iguais entre si, em executantes de práticas selvagens e arbitrárias obriga a que a sociedade portuguesa, que se diz livre e democrática, reflicta urgentemente e de forma muito séria sobre as praxes.
M.A.T.A. - movimento anti-"tradição académica"
Em Coimbra, no contexto da "Real Praxe", Luís Vaz, 20 anos, estudante de Engenharia do Ambiente na Escola Superior Agrária de Coimbra, ter-se-á lançado de um escorrega, com um desnível de 2 metros, para um "lago" de lama e palha. A queda resultou em lesões vertebro-medulares a nível da coluna cervical, sendo que neste momento o estudante se depara com a possibilidade de uma tetraplegia permanente.
No mesmo dia, em Elvas, também no contexto das actividades de recepção ao caloiro, João Pedro Farinha, estudante do 1º ano na Escola Superior Agrária de Elvas, após o "tradicional" rally tascas, terá sofrido uma queda de uma altura de 20 metros, perante o olhar atónito dos seus colegas.
O que é apontado como uma brincadeira, moderada e desejável, é-o apenas no discurso, porque as suas práticas traduzem um total desrespeito pelas liberdades e direitos das pessoas que nelas participam. Na nossa opinião, tal apenas vem demonstrar que as estruturas que a praxe tem vindo a organizar numa tentativa de legitimização, institucionalização e moderação (que surgiram como resposta às pressões de uma opinião pública cada vez menos disposta e menos tolerante perante as "brincadeirinhas" da praxe), não são mais que uma operação cosmética a algo que na sua essência não é mascarável: a subjugação dos estudantes pelos estudantes.
É imperativo que a comunidade escolar (estudantes, professores e funcionários), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a sociedade reflictam sobre estes fenómenos. Aliás, espanta-nos que no início da sua legislatura o ministro Mariano Gago tenha manifestado total repúdio perante estas práticas, tendo chegado a caracterizá-las como fascistas, mas que rapidamente tenha adoptado uma postura de total silêncio sobre o assunto.
Chamar brincadeira e integração a algo que permite a prática de actos bárbaros e transforma estudantes, supostamente iguais entre si, em executantes de práticas selvagens e arbitrárias obriga a que a sociedade portuguesa, que se diz livre e democrática, reflicta urgentemente e de forma muito séria sobre as praxes.
M.A.T.A. - movimento anti-"tradição académica"
1 comentários:
O ministro Mariano Gago reagiu no dia seguinte:
Estudante de Coimbra está tetraplégico
Ministro da Ciência solidariza-se com vítimas de praxes académicas
01.12.2007 - 12h02 Lusa, PUBLICO.PT
O ministro da Ciência e Ensino Superior, Mariano Gago, solidarizou-se ontem com os estudantes vítimas de acidentes “gravíssimos” ocorridos recentemente durante praxes academias e apelou “mais uma vez” às instituições de ensino superior que “rejeitem a repetição de práticas absolutamente inaceitáveis”.
Um estudante da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) sofreu na quarta-feira um traumatismo vértebro-medular no âmbito de uma actividade de praxe, tendo ficado com tetraplegia (incapacidade de movimentos de pernas e braços) e foi operado ontem de manhã no Hospital dos Covões, na cidade.
O ministro diz também, num comunicado enviado ao PÚBLICO, que as praxes académicas “têm sido fonte repetida de agressões graves e de situações degradantes que não podem deixar indiferente a comunidade académica e que responsabilizam directamente os que as promovem”.
O caso está a ser seguido “com preocupação” pelo ministro, e os responsáveis das instituições envolvidas já foram contactados com vista ao esclarecimento da situação.
No mesmo comunicado diz-se ainda que, “sem prejuízo do necessário apuramento de responsabilidades civil e criminais”, há um novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), já em vigor, que determina que constitui igualmente infracção disciplinar “a prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das ‘praxes académicas’”.
Recuperação incerta
O jovem em questão, de 20 anos, foi vítima de traumatismo vértebro-medular na região cervical que lhe provocou tetraplegia (perda dos movimentos das pernas e braços), revelou o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC-EPE), Rui Pato, citado pela Lusa.
A intervenção cirúrgica a que o jovem foi submetido ontem de manhã por uma equipa de neurocirurgiões destina-se a fixar a fractura na coluna cervical.
Depois da estabilização da lesão, será sujeito a terapêutica médica para tentar a recuperação da tetraplegia, adiantou o médico. “Há a esperança de que, após a estabilização e com a terapêutica, possa haver alguma recuperação”, disse Rui Pato.
O prognóstico do jovem é reservado, acrescentou o presidente do conselho de administração do CHC-EPE, em que o Hospital Geral (Covões) se integra.
Segundo o “Diário de Coimbra”, o jovem sofreu esta grave lesão após ter-se lançado, de cabeça, de um escorrega com um desnível de dois metros para um túnel, durante uma actividade de praxe.
Enviar um comentário