quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Parece que os tribunais não têm dúvidas quanto aos culpados

Foi apurado as circunstâncias em que se deu e que a faculdade é cor-responsável por este crime. Infelizmente só não se conseguiu identificar o culpado (ou culpados) pelo "muro de silêncio" que se formou como o descreveu o próprio Juiz, no primeiro julgamento.
Calculo que para os defensores habituais da barbárie o que aconteceu não era praxe... apesar de o ser.
Só resta deixar uma força à família que por isto passou e ainda está a passar! (e que os culpados e os cúmplices tenham a consciência pesada para o resto da sua vida, já que não têm a coragem de assumir o que fizeram.)
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Relação do Porto confirma decisão da 1.ª instância

Universidade Lusíada obrigada a indemnizar família de aluno que morreu após praxe 

13.11.2012 - 21:21 Por Lusa, PÚBLICO

A Relação do Porto confirmou uma decisão do Tribunal de Famalicão que obriga a Universidade Lusíada a indemnizar os pais de um aluno que morreu após ser submetido a uma praxe violenta, disse esta terça-feira fonte ligada ao processo. 

Em acórdão datado do passado dia 8 de Novembro e divulgado hoje pela agência Lusa, a secção cível da Relação do Porto julga improcedente uma apelação da universidade, confirmando a sentença recorrida, que condena a ré a pagar mais de 90 mil euros aos familiares de Diogo Macedo.

A vítima, então com 22 anos de idade, frequentava o 4.º ano do curso de Arquitectura do pólo de Famalicão da Universidade Lusíada, mas nunca passara de caloiro na tuna daquele estabelecimento de ensino superior. Por causa disso, seria alvo frequente de praxes perpetradas pelos colegas mais velhos.

Diogo sentiu-se indisposto após ser praxado, numa noite de ensaios da tuna, em 8 de Outubro de 2001, e foi conduzido ao Hospital de Famalicão. Esteve em coma e morreu sete dias depois, já no Hospital de S. João, no Porto.

"Sofreu agressões pelo menos na nuca e pescoço, que aconteceram quando este se encontrava na companhia dos colegas da tuna, no interior da universidade. A morte foi consequência adequada, directa e necessária dos actos violentos", concluiu a família nos quesitos do processo cível intentado contra a universidade.

A autópsia revelou que Diogo morreu devido a lesões traumáticas cranioencefálicas e cervicais, embora a universidade tenha alegado que o óbito "não se ficou a dever a qualquer agressão, nem à violação do dever de vigilância sobre a tuna académica".

Um processo-crime relacionado com a morte de Diogo foi entretanto arquivado pelo Ministério Público de Famalicão, que alegou incapacidade em determinar quem foram os responsáveis materiais pelas agressões que acabaram por provocar a morte do estudante.

A mãe da vítima, Fátima Macedo — que já interpusera a acção cível que resultou na condenação da universidade —, tem tentado a reabertura do processo, o que lhe tem vindo a ser negado por não terem entretanto surgido factos novos que ajudem à investigação.

4 comentários:

Anónimo disse...

Deixo aqui a minha questão, se um funcionário ou utilizador da CP numa determinada estação( e perdoem-me o exemplo) ferir um passageiro ou colega de trabalho que leve, alegadamente, à sua morte, a culpa é da empresa, ou da pessoa que comete a agressão?

serraleixo disse...

Se o ferimento que levou à morte for feito em consequência de uma prática repetida (que se repete muitas vez) do funcionário com conhecimento da empresa então a empresa é co-responsável pela morte. Foi isso que ficou provado neste julgamento. Infelizmente, no outro julgamento, não se conseguiu apurar o responsável directo pela morte do Diogo, devido ao tal "muro de silêncio" das testemunhas (praxados e praxantes) como referiu o Juiz.
Quer vocês (que praxam) queiram quer não, a praxe é arbitrária. Ou seja, não há nada que defina o seu conteúdo e que torne possível distinguir que acções fazem parte dela ou não. Não é possível dizer que determinada acção faz parte da praxe mas outra não. Tudo faz parte da praxe desde que seja feito no seu contexto, desde que tenha a sua forma. Ou seja, desde que haja pessoas que se achem no direito de praxar outras.
Por isso é que é uma coisa tão aberrante e que tem resultado em tantas tragédias; tantas, no sentido de que são acima do normal, quando se falam de relações sociais. Tenho a certeza de que o Diogo não teria morrido se não houvesse praxe e para mim isso basta-me.

Anónimo disse...

Boas, alguém me pode dar o contacto de um responsável do mata? Preciso urgentemente de entrar em contacto com alguém responsável por este grupo, para desenvolver com vocês uma actividade no âmbito das praxes, mas não tenho nenhum contacto.
O meu número é 96 432 65 14, e o meu email é aka.imunne@gmail.com. Obirgado.

Anónimo disse...

Com mortes ou não não há desculpa para qualquer praxe.

Não há desculpa para qualquer acto cuja premissa seja a subjugação do outro. Chame-se-lhe praxe, integração, boas vindas ou o que seja.

Mas afinal, onde está a nobreza da praxe?

Não é bonito rirmo-nos à pala dos outros. É bonito divertirmo-nos com os outros, mas não à sua custa.

O que me espanta é que numa sociedade cuja grande parte das pessoas abominam as praxes, estas ainda persistam.

A resposta que tenho é que mesmo estas pessoas são demasiado brandas com as praxes. Muitas até dizem que deviam acabar mas depois dizem que não se deviam proibir.

É como se dissessem que são contra o racismo e que este devia acabar mas que não se deveria proibir.

Uns temem que isso gere focos de repressão que conduzam a praxes (ainda mais) violentas. Outros terão receio de serem chamados de extremistas. Outros, românticos, esperam ainda que sejam os próprios estudantes a chegarem à conclusão que praxar é errado. Outros ainda, porventura mais românticos, sonham que os pais destes estudantes os eduquem de forma a olhar para o outro de igual para igual.

Mas onde estão os pais desta gentalha que dá ordens e vocifera contra o seu próximo? O que pensa e o que sente um pai e uma mãe quando lhes assombra o espírito que o seu filho ou a sua filha tem um comportamento tão execrável e indigno contra um seu semelhante? Mas de que massa é feita esta gente que se demite, não se importa, não quer saber, ou ilusão das ilusões, quer acreditar que nunca são os nossos filhos; são sempre os filhos dos outros?

Meus amigos, não esperem sentados à espera de Godot. Se realmente são, sem reservas, contra as praxes académicas, manifestem-se pela sua extinção, mesmo que seja pela via da proibição. Lembrando Martin Luther King, a liberdade nunca é dada pelo opressor, é antes conquistada pelo oprimido. Não estejam portanto à espera que estes opressores acordem um dia generosos e tratem os recém chegados de igual para igual, com a dignidade que todos merecemos.

Não se trata de praxar as praxes como diria um demagogo numa tirada de zero conteúdo, ou até bem analizada, de conteùdo negativo para a sua causa, pois nessa frase está encerrado um sentido pejorativo da própria praxe. Enfim, proposições de quem é chamado a comentar mas não passaria em básicos exames de lógica. Mas como dizia, não se deve reprimir ou matratar quem praxa. Eles na verdade não são, necessariamnete más pessoas, apenas não saberão mais. Mas enquanto aprendem e não aprendem, deveremos (teremos de) ser nós que pensamos de uma forma mais democrática, igualitária e respeitosa para com o outro, a proteger os fracos.

Por isso, não sejam complacentes com qualquer tipo de tirania e atentado à dignidade humana. A praxe tem de acabar!