quinta-feira, 17 de março de 2011

Braga: confrontos entre alunos da Católica e sem-abrigo

Quando o vazio rebenta é possível identificar as vítimas. O problema é que esta actividade que se conhece como praxe, só vai dando uns estalidos, rapidamente silenciados e ignorados. Esta praxe, como conhecemos, dizem os defensores da sua prática, tem muitos valores e princípios, como respeito e outros que me são caros. Mas rapidamente se percebe que não. (vejam que o que se passou vem de alunos de Filosofia!!)
A notícia que se segue vem do Expresso de 15 de Março.
_________

Tudo terá acontecido quando "veteranos" da Faculdade de Filosofia obrigaram caloiros a acordar um grupo de sem-abrigo durante uma praxe.

Alunos da Universidade Católica que participam nas praxes envolveram-se esta noite em cenas de pancadaria com um grupo de sem-abrigo, em Braga.

Os incidentes começaram quando cerca de três dezenas de estudantes da Faculdade de Filosofia (FAC/FIL) da Universidade Católica de Braga, com um grupo de caloiros que praxavam, se terão dirigido aos sem-abrigo que descansavam nos claustros da Rua do Castelo, no centro de Braga. Esta foi a versão unânime dos vários transeuntes, parte dos quais chamaram a PSP.

Segundo os relatos de comerciantes e lojistas da Rua do Souto (a principal artéria comercial da cidade dos arcebispos), "já tinha havido problemas entre os próprios estudantes trajados e os caloiros na Rua do Janes", uma viela contígua à Rua do Souto e ao Largo do Barão de São Martinho, perto do Café A Brasileira.

Já depois dos primeiros incidentes e agora na presença de agentes da PSP, quer fardados, quer à paisana, os estudantes da Universidade Católica de Braga voltaram para trás e tornaram a envolver-se em incidentes com os sem-abrigo.

Estudantes eufóricos

Dois destes cidadãos contaram ao Expresso que "os estudantes mandaram os caloiros meter-se com a gente várias vezes seguidas e nós estávamos a dormir descansados".

Os estudantes, contatados pelo Expresso no local, mostravam-se eufóricos e apesar das insistências do jornalista, não conseguiram apresentar qualquer versão. Só uma das estudantes do curso de Ciências da Comunicação da Universidade Católica, fez questão de afirmar ao Expresso que "não podemos pagar todos por aquilo que só alguns fizeram".

O Expresso não conseguiu contatar esta noite o director da FAC/FIL da Universidade Católica, Alfredo Dinis, que não se encontravam no Campus, nem qualquer responsável pela Associação de Estudantes da FAC/FIL.

A PSP, que esteve no local durante quase uma hora, registou os incidentes presenciados por muitas pessoas que ao princípio da noite saíam das lojas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Alunos do superior já pediram 150 milhões de euros emprestados

Dinheiro para a Banca!!! Aqueles a quem emprestámos dinheiro, porque fizeram merda da grossa, a juros baixíssimos e que agora nos cobram 7 vezes mais por nos emprestar aquilo que lhes emprestámos, estão também a lucrar por empréstimos que os nossos estudantes precisam de fazer para pagar o Ensino do Nosso Estado porque o Nosso Estado não tem dinheiro para investir nos nossos estudantes porque emprestou dinheiro aos Bancos para eles nos emprestarem. E se eliminássemos este intermediário desnecessário que é a Banca?
Comentários meus a amarelo.

----
 Notícia do Público de 7 de Março, por Samuel Silva

Quase 13 mil alunos recorreram à banca para pagar os estudos, um número que não pára de crescer desde 2007.

A linha de crédito a estudantes universitários criada há quatro anos já disponibilizou 150 milhões de euros a quase 13 mil alunos do ensino superior. O número vai ainda aumentar até ao final do ano lectivo e os responsáveis da sociedade que gere este fundo antecipam que a crise vá resultar num crescimento superior do número de créditos no próximo ano.

Desde 2007-2008 até ao final do ano lectivo passado, mais de 11 mil estudantes tinham recorrido a estes créditos especiais, o que representava um valor total de cerca de 127,2 milhões de euros. Os números referentes a este ano lectivo mostram que, até ao final de Dezembro, se registaram mais 1736 adesões, totalizando 22,2 milhões de euros.

Contas feitas, as 18 instituições bancárias que disponibilizam este serviço já emprestaram 150 milhões de euros aos estudantes. Estes números são ainda provisórios, uma vez que a empresa que gere esta linha de apoio, a SPGM, está ainda a recolher dados juntos dos bancos. Aquela entidade vai, até ao final do mês, publicar um relatório definitivo. As estimativas apontam para que, até ao final do ano lectivo, sejam contratados créditos que elevem estes valores para perto dos 180 milhões.

"Começa a ser um número significativo", avalia o presidente da SPGM, José Fernando Figueiredo, para quem estes valores revelam a "utilidade" do serviço [muito bem posto entre aspas. é útil para quem lucra, chato para quem se endivida]. "Estes 150 milhões não são fundamentais do ponto de vista do negócio da garantia mútua em Portugal, mas para nós são muito importantes, porque significa apoiar o futuro do país", considera o gestor.

O recurso ao crédito tem "uma distribuição regular ao longo do ano", revela Figueiredo, embora haja três picos de procura: o início do ano lectivo, o início do segundo semestre e a fase final da época de aulas.

Desde 2007, os créditos aos estudantes do superior têm tido um crescimento sustentado, registando-se quase quatro mil novas operações e cerca de 40 milhões de euros de novos créditos por ano. No entanto, o responsável antecipa um aumento "muito substancial" da procura dos empréstimos a partir do próximo ano lectivo. A responsabilidade é da crise, cujo "maior impacto vai começar a sentir-se a partir de agora", acredita.

Estudar as causas

Para as associações académicas, os 150 milhões de euros que vale já o mercado do crédito entre os estudantes universitários são um factor de preocupação. "O sistema de acção social está a falhar. Há um efeito de substituição, porque a acção social não está a chegar a todos os estudantes carenciados", denuncia o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, Luís Rodrigues, que considera "sintomático" que o valor dos empréstimos ultrapasse já a verba que o Estado despende anualmente com as bolsas de estudo.

O presidente da Federação Académica do Porto, Luís Rebelo, concorda que há "milhares de alunos que estão a recorrer aos empréstimos como alternativa à acção social", mas lembra que há também os que vão à banca para poder "manter um nível de vida superior". Para conhecer quem são, de facto, os estudantes que recorrem aos créditos, aquela estrutura associativa vai lançar um estudo para avaliar o perfil dos alunos da academia do Porto que aderiram a este serviço.