sexta-feira, 13 de abril de 2012

Duas opiniões no âmbito da notícia sobre o resultado de uma praxe em Coimbra

"Integrar", dizem eles
Por Manuel António Pina, Publicado em 2012-04-03, no JN

Todos os anos por esta altura abre a época da boçalidade, da violência, da obscenidade e do coma alcoólico com o objectivo de "integrar" os novos alunos das universidades e institutos superiores que por aí pululam. Com a condescendência da generalidade das autoridades universitárias, é por estes dias autorizado a autointitulados "doutores" dar largas aos seus piores (admitindo que tenham melhores) instintos e frustrações sobre os jovens caloiros, assim se indo integrando, também eles, no género de país rasca (e, com raras excepções, a Universidade é hoje o espelho desse país) que vamos sendo.
E todos os anos se repetem as notícias de abusos e agressões; e todos os anos a maior parte dos reitores assobia para o lado como se não fosse nada consigo, apesar de o Ministério há muito ter pedido a sua "melhor colaboração (...) no sentido do combate a praxes que, embora afirmando uma intenção de integração dos novos alunos, mais não são que práticas de humilhação e de agressão física e psicológica".
A primeira notícia deste ano é a da agressão à cabeçada e à chapada por "um doutor de Coimbra, meu Deus!" de duas jovens que recusaram ser praxadas e foram parar ao hospital. O "doutor" é aluno do 3º ano de Ciências da Educação (o seu nome já circula nas redes sociais) e em breve ascenderá à elevada dignidade de "licenciado à Bolonhesa" e estará preparado para "educar" os nossos filhos. À cabeçada e à chapada.

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Dura praxis
Por Tiago Moreira Ramalho, publicado em 3 Abr 2012, no i-online

Duas raparigas levaram porrada nas praxes de Coimbra. E uma vez mais se levantou um bocadinho da pátria, meio aborrecida, pedindo o fim da barbárie universitária. Rapidamente se levantou mais um bocadinho da pátria a dizer que não, que não se pode acabar com tão belo costume que junta novos e velhos na bonita comunhão trajante. No fim, e já que estavam todos de pé, foram fazer o que tinham a fazer.
Isto aconteceu, como é habitual, porque a discussão sobre o fim ou permanência do rito é fundamentalmente idiota. As praxes não têm forma definida, não há algo concreto para proibir. Uma lei a com tal intenção seria uma adição à nossa compostinha colecção de legislação inútil, porque as praxes continuariam com aqueles que nelas quisessem participar. Seriam “brincadeiras” ou “actividades de integração”.
Temos, no entanto, o problema dos que não querem participar. Problema que tem simples resolução: o caloiro que não queira ser praxado diz, com educação, que aquilo não é para ele e vai à sua vidinha. Se acaso houver no meio dos veteranos um qualquer criminoso que aplique carinhos não requisitados aos declinadores, nada mais haverá a fazer que chamar a polícia, como se faz perante qualquer abuso do género.
Os crimes de um bando de repetentes cuja vida se rege pelo calendário académico são competência da polícia e dos tribunais. E é à polícia e aos tribunais que, em situações destas, devemos recorrer. Não ao parlamento. Falando nisso, aguardamos ansiosos pelo castigo dos agressores de Coimbra. Estudante universitário

1 comentários:

Anónimo disse...

usa fotos da secundaria antonio arroio para acreditar uma praaxe de faculdade.... hum bastante intressante