quarta-feira, 24 de março de 2010

Dia do estudante

Sobre este dia, linkamos ao seguinte post no 5dias. net, do qual transcrevemos uma parte. A seguir postamos também esta notícia do Público.
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O eferreá da efeméride

24 de Março de 2010 por Renato Teixeira
Hoje é o dia do estudante. Os do ensino secundário vão fazer greves e manifestações e os do ensino superiorvão organizar cocktails de recepção para os estudantes Erasmus e entregar petições.
Os mais novos têm ideias, reivindicações e vão aproveitar o seu dia para protestar contra o governo e defender os seus direitos. Os mais velhos vão fazer isto no Algarve, isto no Minho, isto em Évora, isto em Aveiro, isto em Coimbra, isto no Porto e isto em Lisboa. A comparação com o que andam a escrever os mais novos é confrangedora.
Ninguém pode pedir muito a um movimento derrotado pelas propinas e por Bolonha, que vive há anos na precariedade e deprimido, mas a pergunta impõe-se: nem neste dia há causas que sobrem à parolice da praxis académica?

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Dia do Estudante: Alunos do Secundário e Superior manifestam-se, universitários ficam de fora
23.03.2010 - 17:31 Por Lusa
O Dia do Estudante é assinalado quarta-feira com uma manifestação de alunos do ensino básico e secundário e outra do ensino superior, mas sem a participação de algumas das principais associações de estudantes universitários.
Contactado pela agência Lusa, um representante da Delegação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico explicou que a manifestação é nacional, mas os alunos que se vão concentrar frente ao Ministério da Educação vêm de escolas do distrito de Lisboa e Setúbal.
De acordo com Luís Encarnação, o carácter nacional da manifestação traduz-se por acções de protesto das várias escolas secundárias e básicas do país frente à Direcção Regional de Educação correspondente.
Explicou que em Lisboa a acção tem início marcado para as 10h na Praça do Saldanha e os alunos irão depois a pé pela Avenida da República até ao Ministério da Educação, na Avenida 5 de Outubro.
Em causa, justificou Luís Encarnação, estão o Estatuto do Aluno, cujas "alterações hão de ser para pior", os ataques à "liberdade em democracia", com os "estudantes de todo o país que já foram identificados pela Polícia", e a privatização dos serviços escolares, porque "o Estado anda a fazer obras nas escolas a troco de privatizar o bar, a cantina, a papelaria e o espaço da escola".

Pelo Ensino Superior, a Associação de Estudantes da Escola de Artes e Design das Caldas da Rainha convocou uma manifestação nacional que pretende reunir estudantes universitários de todo o país na rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, pelas 14h, para depois caminharem até à Assembleia da República.
À iniciativa já aderiram alguns movimentos estudantis, como um grupo de estudantes da Universidade de Aveiro e outro do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), mas de fora ficaram algumas das principais associações de estudantes universitários do país.
"Que eu saiba, oficialmente, não [está marcada nenhuma manifestação]", disse à Lusa o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Ricardo Morgado.
Adiantou que, para quarta-feira, está apenas prevista a entrega de um abaixo-assinado na Assembleia da República e de uma cópia no Ministério da Educação, a pedir a suspensão do regime de prescrições por dois anos.
Localmente, a FAP vai participar numa acção de protesto juntamente com a Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto pela construção das instalações prometidas "há 33 anos" àquela instituição de ensino.
A Associação Académica de Coimbra (AAC) também participa na entrega do abaixo-assinado e o presidente da AAC, Miguel Portugal, adiantou à Lusa que para o Dia do Estudante está apenas prevista "uma campanha informativa aos estudantes sobre as dificuldades do ensino superior", marcada para as 12h30, no Largo Dom Dinis.
A Lusa contactou ainda a Associação de Estudantes da Universidade de Lisboa (AEUL) cujo presidente, Gonçalo Assis, adiantou que a única iniciativa marcada para assinalar o Dia do Estudante na qual a AEUL participa é a recepção aos estudantes Erasmus, organizada pela Câmara Municipal de Lisboa, pelas 18h30.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A facilidade com que se abusa de outro

Hoje à hora de almoço, enquanto via o telejornal da SIC, uma notícia, já no fim do mesmo, despertou-me a atenção:



«Nunca a máxima da televisão de choque fez tanto sentido. Levada ao extremo, a France 2 apresenta "O jogo da morte". Oitenta seleccionados, um estúdio de cores e luzes vibrantes, uma paresentadora modelo e uma plateia feroz que incita os participantes a torturara a vítima. A cada resposta errada o castigo: o participante escolhe a violência - o choque pode ir aos 460 volts. Os apelos de mesiricórdia foram ouvidos por apenas 16 dos 80 recrutados.
"Consegue-se que as pessoas façam praticamente tudo. Num jogo, a fronteira entre a realidade e ficção desaparece. E mesmo que o parceiro grite, que implore para pararem, as pessoas continuam dentro de um jogo." (Christophe Nick, produtor do documentário)
Jogo de pergunta-resposta, até à última hora a encenação do concurso televisivo do ano é mantida. Mas atrás das câmaras, há psicólogos e na cadeira eléctrica está um actor. O maquiavélico Reality Show revela-se um documentário sobre a realidade da mente humana.
"O que está em questão é a noção de poder, muito mais do que o indivíduo que está sozinho no cenário, sem quaisquer apoios, sem alguém que diga: 'Cuidado com o que fazes'. Estão por sua conta. E quando estamos por nossa conta, face a um poder que abusa da sua autoridade, somos mais facilmente manipuláveis e, logo, mais obedientes." (C.N.)
Ao vivo na televisão a obediência cega sugere que o nazismo e prazer pela dor e sofrimento alheios surgem desta forma: instantânea. A experiência promete audiências brutais. Entre a curiosidade mórbida e o debate controverso, os espectadores não devem deixar de seguir a mente que lhes pede para escolherem o botão mais chocante.
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É incrível quão facilmente um se deixa fazer uso do poder momentâneo que tem para abusar de outro. E, pelos vistos, não é preciso ser-se nenhum psicopata...
Mas na praxe de certeza que não acontece nada de semelhante, não é?